Questionado sobre qual o papel da IA nas agências de notícias, Stefano de Alessandri admite poder tratar-se de "uma grande revolução".
"Nunca sabemos quão grande é o fenómeno, mas talvez seja a maior revolução desde a introdução da imprensa", afirma.
E poderá ultrapassar o feito de Gutenberg, que inventou a imprensa no século XV? Stefano de Alessandri diz que essa é uma ideia que já foi avançada por alguns.
"Pessoalmente acho que será uma grande revolução", mas em diferentes estágios, considera.
A curto prazo, prossegue, a IA terá muito a ver com "eficiência". Ou seja, muito provavelmente "irá cancelar alguma parte do nosso trabalho, do trabalho dos jornalistas que é repetitivo e sem valor acrescentado e criaremos condições para uma eficiência muito maior", explica.
Claro que isto terá efeito "no emprego", como sempre aconteceu quando foi introduzida tecnologia.
A médio prazo, serão criadas novas oportunidades de negócio, o que irá "afetar não apenas o lado dos custos, mas também o lado das receitas", aponta Stefano de Alessandri.
A longo prazo, "ente cinco a 10 anos, irá provavelmente criar um novo ecossistema em que tudo será diferente e o papel das agências de notícias também será mudado", afirma o CEO da ANSA.
Stefano de Alessandri segue a linha de que a IA é uma "oportunidade" porque traz de volta a inovação para o negócio e pode criar um novo fluxo de receitas, além de mais eficiência.
Também admite que um dos riscos que se enfrenta com o desenvolvimento da inteligência artificial é a questão da desinformação, porque é uma "ferramenta muito poderosa para criar 'fake news'".
Por outro lado, também é uma 'arma' para verificar factos e detetar desinformação.
Stefano de Alessandri manifesta preocupação com a capacidade de disseminação de desinformação trazida pela IA.
"Essa é a razão pela qual todos os governos têm de lidar com o assunto porque pode afetar seriamente as eleições", entre outros aspetos, sublinha.
Por exemplo, o Governo italiano "está a trabalhar arduamente em leis sobre o tema", diz, recordando a aprovação recente da lei europeia sobre inteligência artificial (IA Act).
Com todas estas mudanças, também o papel das agências de notícias vai evoluindo.
"Há alguns anos eu diria que uma agência de notícias deveria ser sempre a primeira a dar a notícia porque é o nosso papel ser o primeiro no mercado, estamos na base do sistema", diz o CEO da ANSA.
"Agora, pelo menos em Itália, o nosso objetivo não é ser o primeiro, mas uma vez que a ANSA publique a notícia" todo o sistema tem de estar completamente seguro de que aquilo que a ANSA disse "é absolutamente verdade", relata.
Isso "significa mudar completamente o nosso papel", remata.
Fonte: NM