Política
14 Maio de 2024 | 11h53

Primeira-Dama incentiva recuperação de atraso escolar de raparigas

A Primeira-Dama de Angola, Ana Dias Lourenço, defendeu, esta segunda-feira, em Abuja (Nigéria), esforços redobrados para alfabetizar e recuperar o atraso escolar das raparigas africanas, com especial atenção as das zonas rurais.

Ana Dias Lourenço falava por ocasião do lançamento da Campanha Unificadora  WeAreEqual/Somos todos iguais, promovida pela sua homóloga da Nigéria, Oluremi Tinubu, no quadro das actividades da Organização das Primeiras-Damas Africanas para o Desenvolvimento (OPDAD).

"Devemos reforçar o nosso papel de advocacia para alfabetizar e recuperar o atraso escolar das raparigas com especial atenção as das zonas rurais”, afirmou.

Para a Primeira-Dama angolana, ė urgente promover a confiança, a segurança e a estabilidade através da criação de ambientes seguros, protegidos e estáveis.

Ao mesmo tempo, prosseguiu, é imperioso sensibilizar a juventude aos progressos significativos no desenvolvimento e crescimento "da África que queremos”.

Dirigindo-se às suas homólogas africanas, Ana Dias Lourenço recordou que, a este propósito, Angola está a implementar, desde 2021, o Projecto de Empoderamento da Rapariga e Aprendizagem para Todos, ao nível de todo o país.

Explicou que o projecto, que envolve cerca de nove milhões de alunos das escolas de Educação Pré-Escolar, Ensino Primário e Secundário, visa a formação de professores e gestores escolares, bem como apoiar estratégias para promover o empoderamento das meninas através da melhoria do sistema educativo.

A cerimónia de Abuja decorreu sob o lema "A educação como uma ferrramenta poderosa para a mudança: nenhuma rapariga é deixada para trás”.

Marcaram igualmente presença as Primeiras-Damas de Moçambique, Zimbabwe, Gâmbia, Lesoto, Quénia, Burundi e Gabão, bem como altos funcionários do Governo nigeriano e outros convidados.

 

Eis a íntegra da mensagem da Primeira-Dama angolana:

 

Excelência Primeira-Dama da República Federal da Nigéria Mrs. Senadora Oluremi Tinubu,

Excelências Primeiras-Damas

Zimbabwe - Mrs. Auxilia C. Mnangagwa

Moçambique - Mrs. Isaura Ferraro Nyusi

Gâmbia - Mrs. Fatoumata Bah – Barrow

Lesoto – Rainha Masenate Mohato Seeiso

Quénia - Mrs. Rachel Ruto

Burundi - Mrs.Angeline Ndayubaha

Gabão – Mme Zita Oligui Nguema

 

Distintas Autoridades do Governo Federal da Nigéria

Caros Convidados

Minhas Senhoras Meus Senhores

Começo por agradecer o convite que me foi endereçado para participar na celebração do Lançamento da Campanha de Unificação # WeAreEqual da Organização das Primeiras Damas Africanas para o Desenvolvimento (OAFLAD).

Permitam-me saudar as queridas irmãs, Vossas Excelências Primeiras-Damas e as distintas delegações, e os convidados presentes neste magno evento que se realiza nesta acolhedora cidade de Abuja.

Dirijo especialmente palavras de apreço e reconhecimento à querida irmã Senadora Oluremi Tinubu, Primeira-Dama da Nigéria, por impulsionar a inclusão de meninas na educação, garantindo o alcance do Objectivo 4 dos ODS, relacionado com a educação inclusiva e equitativa e promoção de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

Angola vem erguendo-se do pesado fardo da guerra que adiou durante longos anos as oportunidades de desenvolvimento humano e social do seu povo. Com o alcance da Paz, em 2002, vários têm sido os esforços do Governo na implementação de políticas públicas e na realização de acções, programas e projectos que potenciem o desenvolvimento inclusivo e sustentável do País.

Nesta perspectiva, apostou seriamente na redução das disparidades entre homens e mulheres impostas pelo sexismo estrutural, pelos estereótipos sociais e pelas estruturas patriarcais enraizadas por questões culturais e tradicionais.

Temos consciência que nos confrontamos ainda com muitos obstáculos que dificultam e impedem as mulheres em Angola e em toda a Africa a desenvolverem todo o seu potencial com – a falta de recursos humanos e materiais em algumas comunidades, as diferentes formas de violência e abuso contra as mulheres e o acesso limitado à educação, em particular, à educação das meninas.

Estimadas Primeiras-Damas, queridas irmãs

Minhas Senhoras Meus Senhores

Os desafios ainda são imensos, não obstante a evolução das sociedades africanas no sentido de uma maior justiça, inclusão e consciência sobre a necessidade de uma maior representação feminina em todas as áreas da vida social, económica e política.

Contudo, um maior investimento nas pessoas, por uma educação de qualidade, com o aumento do acesso à educação pré-escolar e secundária especialmente para as meninas, é essencial para que, com determinação e visão, possamos efectivamente, homens e mulheres, contribuir para a sustentabilidade do nosso desenvolvimento com um olhar inovador e um compromisso inabalável para o bem-estar das comunidades. Face a esta realidade, a educação é vital para o futuro de qualquer país.

Em Angola tratamos a educação como um sector determinante para a valorização do capital humano. Temos um cuidado particular com a educação das raparigas, pois educar uma mulher é educar uma Nação.

Neste contexto, minhas queridas irmãs, penso que devemos reforçar a nosso papel de advocacia para alfabetizar e recuperar o atraso escolar das raparigas com especial atenção as das zonas rurais.

Precisamos com urgência de promover a confiança, a segurança e a estabilidade através da criação de ambientes seguros, protegidos e estáveis e sensibilizar a juventude para os progressos significativos no desenvolvimento e crescimento da África que queremos.

Estimados Convidados

Minhas Senhoras e Meus Senhores

Em Angola, nos diferentes níveis de ensino, ainda se registam diferenças entre homens e mulheres, o Governo apostou seriamente na redução desta diferença. Recordo-me que, nas minhas vestes de Ministra do Planeamento e depois como membro do Conselho de Administração do Grupo do Banco Mundial, iniciamos a abordagem com esta instituição no sentido de apoiar Angola a ultrapassar os desafios que enfrentávamos, relativos aos baixos resultados de aprendizagem e disparidade de género, sobretudo no ensino secundário, ao abandono escolar das raparigas por razões diversas como a gravidez precoce, as dificuldades em assistência à saúde, a distância de casa para escola ou contextos familiares socialmente desfavoráveis .

E assim se desenhou e está a ser implementado desde 2021 o Projecto de Empoderamento da Rapariga e Aprendizagem para Todos. É um projecto que envolve cerca de 9 milhões de alunos das escolas de Educação Pré-Escolar, Ensino Primário e Secundário ao nível de todo o País.

O Projecto visa a formação de professores e gestores escolares, apoiar estratégias para promover o empoderamento das meninas através da melhoria do sistema educativo e acesso à educação, capacitando as meninas e jovens mulheres, dando-lhes oportunidade de matricularem-se e concluírem pelo menos o ensino secundário.

As principais actividades do projecto visam melhorar a qualidade do ensino, promover o acesso à educação, reduzir a taxa de evasão escolar entre as meninas e facilitar o retorno das mães adolescentes à escola, consciencializar sobre educação sexual e reprodutiva e sobre a violência baseada no género com um fim último de capacitar os jovens, reduzir a vulnerabilidade dos adolescentes e jovens, empoderar os jovens e dotá-los com competências e habilidades para a vida. Acções complementares a este projeto para garantir Saúde, Educação e o Bem-Estar dos adolescentes e jovens, têm sido desenvolvidas pelas autoridades do meu País, em particular pelo Ministério da Educação com o apoio do Ministério da Saúde, com vista a dar resposta à problemática das crianças com desfasagem idade-classe, a reduzir o abandono escolar, em particular por parte das meninas que abandonam a escola antes de concluir o ensino obrigatório, por gravidez precoce: principal causa de um alto número de abandono escolar .

Por outro lado, medidas de política foram adoptadas como: o sistema de cedência de Bolsas de Estudo Internas, que abrange meninas vulneráveis provenientes das várias regiões do país, para garantir o acesso à escola; a retenção com a merenda escolar; saúde e ambiente escolar; educação sexual, género e saúde reprodutiva; promoção do desporto e outras actividades para garantirmos a inclusão de meninas na escola.

Permitam me partilhar alguns números e factos que ilustram o compromisso do Governo de Angola com a educação inclusiva e equitativa e com a promoção de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos:

- Em 3 anos foi possível corrigir a desfasagem de 3.216.489 alunos, dos quais 2.536.412 são do sexo feminino;

- Desde 2021, foram formados 10.357 professores do ensino primário e do secundário em Saúde menstrual, e mais de 30.000 adolescentes beneficiaram de informações sobre a matéria, tendo sido distribuídas 15.000 cuecas menstruais; -

Nos últimos 4 anos foram distribuídas 21.244 bolsas de estudos para o ensino secundário, das quais 10.729 foram para meninas;

- Nestes últimos anos foram construídas e reabilitadas 1098 escolas do ensino primário e secundário. Com o projecto de empoderamento das meninas e aprendizagem para todos prevê-se em 2024, iniciar a construção de 55 novas escolas e reabilitação de 7 escolas.

- A aposta na formação de professores em matéria de educação e saúde menstrual, apresentou resultados positivos e mereceu distinção de Angola na gala em alusão ao 10º aniversário do programa de salvaguarda de adolescentes e jovens do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), tendo sido classificada em 1º lugar na categoria de saúde menstrual da 5ª e 6ª classes, a nível da região austral.

Queridas Irmãs

Estimados Participantes

Enquanto cidadã, sempre lutei pela liberdade e dignidade dos povos e pela igualdade do género, agora como Primeira Dama e com a minha Fundação Ngana Zenza para o Desenvolvimento Comunitário (FDC), continuo comprometida com estas causas e empenhada na melhoria da qualidade e expansão da educação, no empoderamento das nossas meninas e meninos nas comunidades, através de 7 iniciativas direcionadas às mulheres, aos jovens, em particular às jovens mulheres de vários segmentos da nossa sociedade como agentes de mudança e influência nas respectivas comunidades.

Para terminar, saúdo mais uma vez a Campanha "Todos somos Iguais" por quanto as questões de género e a sua paridade na liderança continuam a constituir matéria da nossa acção. Angola abraça a Campanha e brevemente fará o seu Lançamento. Desejo às minhas queridas irmãs, as Primeiras Damas e a todos os presentes, muita saúde, paz e amor e espero podermos estar juntas novamente o mais breve possível. Juntas continuaremos a advogar para dinamização no "ano de 2024 a promoção de programas educacionais em África, buscando reavivar os esforços existentes para alcançar plenamente o Objetivo 4 dos ODS”.

Bem Haja

Muito Obrigado pela vossa atenção!


Fonte: Angop