Internacional
13 Fevereiro de 2024 | 11h07

Israel determinado em atacar Rafah apesar avisos dos aliados

Israel está a planear um ataque a Rafah, sul da Faixa de Gaza e junto à fronteira com o Egito, apesar dos avisos em sentido contrário dos aliados e organizações internacionais, alarmadas com potenciais consequências humanitárias.

Em Rafah, aos cerca de 200 mil habitantes que residiam na cidade, juntaram-se mais de 1,3 milhões de deslocados vindos no centro e norte do enclave palestiniano, na sequência dos numerosos ataques do exército israelita contra posições do Hamas tanto em Gaza (norte) como em Khan Yunis (centro/sul), iniciados em 07 de outubro de 2023.

Apesar de governos e organizações não-governamentais internacionais terem avisado que os palestinianos já não têm para onde ir, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu insiste na ideia, alegando a necessidade de erradicar o Hamas, movimento islamita palestiniano que atacou Israel há quatro meses, e sem dar pormenores sobre o destino da população.

Eis alguns pontos essenciais sobre uma possível operação militar israelita em Rafah:

*** INTENÇÕES DE ISRAEL ***

Domingo, Benjamim Netanyahu confirmou a entrada próxima das forças militares na cidade de Rafah, último refúgio de centenas de milhares de palestinianos deslocados à força na Faixa de Gaza, para acabar com "os batalhões que restam do Hamas". Insistiu que a população civil daquela cidade deve "abandonar" a zona, com ou sem a ajuda das organizações humanitárias internacionais.

Até hoje, antes da anunciada grande ofensiva, vários ataques aéreos israelitas causaram pelo menos 164 mortos e 200 feridos em Rafah, depois de as Forças de Defesa de Israel (FDI) terem realizado "uma série de ataques contra alvos terroristas na área de Shabura".

Segunda-feira, Israel pediu à ONU para que "coopere" na "retirada" dos civis que se encontram nas zonas de combate na Faixa de Gaza, incluindo a cidade de Rafah, face à iminente ofensiva terrestre do exército contra a cidade.

O porta-voz do governo israelita, Eylon Levy, criticou que as agências da ONU "tenham estado a transferir civis para os redutos do Hamas e a validar a estratégia dos 'escudos humanos' do Hamas".

"A guerra pode terminar rapidamente, sem mais sofrimento, se o Hamas se render imediatamente, depor as armas, libertar os reféns e levar os seus criminosos de guerra à justiça. Todos os intervenientes dedicados à proteção dos civis e à melhoria das condições humanitárias em Gaza devem apelar ao Hamas para que se renda agora, em vez de pressionar o Hamas para que mantenha os seus quatro batalhões de pé face a uma vitória israelita iminente", argumentou.

Israel apontou ainda para "um encobrimento da militarização do Hamas de hospitais e bens militares dentro de instalações das Nações Unidas", referindo-se à recente descoberta de um túnel sob a sede principal da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) em Gaza.

Em resposta, o Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, sublinhou que o pessoal da agência "abandonou a sede na cidade de Gaza em 12 de outubro, na sequência de ordens de evacuação emitidas por Israel e perante a intensificação dos bombardeamentos na zona" e apelou a uma investigação "independente", apesar de o Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, ter pedido a sua demissão.

*** HAMAS AMEAÇA NEGOCIAÇÕES PARA LIBERTAÇÃO DE REFÉNS ***

O Hamas avisou que qualquer operação das forças israelitas em Rafah ameaçará as negociações de libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos e constituirá uma "catástrofe e um massacre global".

O Governo de Gaza recordou que 1,5 milhões de palestinianos vivem atualmente na província de Rafah, dos quais 1,3 milhões foram deslocados pela violência noutras partes do enclave, o que "prenuncia uma grande catástrofe". Acusou ainda Israel de já ter realizado "milhares de massacres no resto das províncias da Faixa de Gaza durante a atual guerra de genocídio".