Saúde
24 Janeiro de 2024 | 08h42

Casos de cólera em países limítrofes deixam Angola em estado de alerta

Angola está no nível dois de alerta máxima de prevenção epidémica, devido ao surgimento de casos de cólera nos países fronteiriços como a Zâmbia e a República Democrática do Congo (RDC).

A informação foi tornada pública, terça-feira, em Luanda, pela directora nacional de Saúde Pública, Helga Freitas, à margem da reunião interministerial sobre o Plano de Contingência de Combate à Cólera, orientado pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.

A directora nacional de Saúde Pública explicou que na Zâmbia o surto de cólera começou em 2023 e se intensificou nas últimas semanas, com o registo de cerca de sete mil casos, que causaram 400 óbitos. 

Segundo Helga Freitas, a média de casos de cólera na Zâmbia é de 400 por dia, situação considerada de extrema preocupação, devido à fronteira que separa Angola com o país em causa.   

Já em relação à República Democrática do Congo, Helga Freitas disse que o país também regista casos de cólera desde 2023 e até ao momento tem notificados 42 mil casos da doença. 

A especialista em Saúde Pública afirma ser uma situação bastante preocupante a nível da região da SADC, salientando que, actualmente, apenas Angola, Namíbia, Lusoto, Seychelles e Madagáscar não registaram casos de cólera. 

De acordo com Helga Freitas, como a RDC e a Zâmbia registam um rápido aumento de casos da cólera, o Executivo Angolano decidiu criar uma  comissão interministerial para se definir estratégias para dar resposta oportuna e eficiente a um eventual surgimento de cólera no país. 

"Fazem parte da comissão interministerial os ministérios da Energia e Águas, do Interior, Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Defesa e Veteranos da Pátria, Finanças, Ambiente, Educação, Cultura e Turismo, Agricultura e Florestas, da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e a secretária para os Assuntos Sociais do Presidente da República”, explicou.  

A directora nacional de Saúde Pública acrescentou que, apesar das fronteiras partilhadas com a RDC e a Zâmbia, Angola não registou até agora casos de cólera, por isso está no nível dois de alerta máxima, criando estratégias de  prevenção e tratamento em caso de surgimento da doença.

Helgas Freitas garantiu que estão a ser reforçados os níveis de vigilância epidemiológica em todas as províncias que fazem fronteira com  a RDC e a Zâmbia, acrescentando que todos os técnicos da Direcção Nacional de Saúde Pública estão a ser capacitados para abordarem com segurança e rapidamente qualquer cidadão com cólera.  

O Ministério da Saúde, acrescentou, está a posicionar kits de emergência médica e epidemiológica ao longo da fronteira com os dois países.

Segundo a diretora nacional de Saúde Pública, o Ministério da Energia e Águas disponibilizou, em todas as províncias, meios para levar água à população que reside em áreas mais recônditas, de forma a se evitar o contágio da cólera por via da água não tratada.

 
Vacina contra a cólera

De acordo com a especialista em Saúde Pública, já existe vacina contra a cólera, mas Angola só poderá ter acesso caso seja registado algum caso da doença.

A responsável pela Saúde Pública no país sublinhou que a aquisição da vacina de cólera já está prevista no plano do Ministério da Saúde, sendo apenas administradas a partir dos dois anos de idade, por via oral, com uma eficácia de 85 por cento.

A directora nacional de Saúde Pública disse que a vacina não está incluída no calendário nacional de vacinação, sendo apenas indicada em situações específicas. "Daí ser importante investir em medidas de prevenção, como a higienização adequada das mãos e dos alimentos antes de os consumir”.

Segundo a médica, faz parte do calendário nacional de vacinação a vacina rotavírus, que previne doenças diarreicas e deve ser administrada às crianças com até nove meses.

Fonte: JA