Argélia ainda tem alguns atletas que fazem parte do remanescente que se sagrou campeão em 2019, continua a ter um plantel competitivo, mas não é justo que as Palancas Negras fiquem com os joelhos vacilantes e fujam ao confronto directo. A equipa nacional até pode não ter a mesma qualidade, mas tem de aparecer em campo para mostrar os seus argumentos competitivos, sem se envergonhar com os aparentes nomes sonantes que estiverem do outro lado.
Os argelinos querem a todo o custo tirar a espinha que têm encravada na garganta, o fracasso na última edição do CAN nada teve de especial, em parte porque esteve dentro daquilo que é habitual nas Raposas do Deserto. Talvez por acontecer na primeira fase, é que o estrondo ainda provoca eco até agora, goste-se ou não, mas a Argélia costuma esquecer sempre que vai ao africano, que aquele que julga estar de pé tem de acautelar-se para não cair.
Os históricos tropeços da Argélia acontecem sempre quando parece estar com mão na massa. O problema é sempre dar continuidade às coisas boas que faz. Ao longo das décadas, as Raposas do Deserto tiveram jogadores invejáveis, nenhum deles renunciou à selecção, estiveram em dois mundiais seguidos, 1982 e 1986, mas no CAN os argelinos foram forçados a adoptar uma paciente de espera até 1990, quando alcançaram em casa o primeiro troféu africano, o eterno craque Rabah Madjer ainda era a estrela da companhia.
A Selecção Nacional costuma fazer bons jogos com a Argélia. Ao contrário de 2010, quando cruzaram pela primeira vez num CAN, o jogo desta noite ainda não é para confirmar o apuramento para a outra fase, mas é importante que as Palancas Negras provem, de preferência já hoje na estreia, o que foram fazer no Campeonato Africano.
Qualquer resultado positivo serve para Angola, mas entre a vitória e o empate, claramente o triunfo é o que melhor serve aos interesses das Palancas Negras. Agora que a CAF inovou e alargou os benefícios dos oitavos-de-final aos quatro melhores terceiros classificados dos seis grupos, entrar com três pontos encurta muito as hipóteses de passar da primeira fase.
Prioridade
Ainda assim, é importante que a selecção pense um jogo de cada vez para não estragar as fichas de quem se revê na esperança, o alvo desta noite é a Argélia, pontuar é a coisa prioritária, a exibição fica para a próxima. É verdade que em 2013, Angola entrou a ganhar no CAN, foi a primeira e única vez em que aconteceu, empatou na segunda jornada, mas na terceira acabou eliminada devido a um mísero golo a mais que sofreu, o que facilmente deixa ler nas entrelinhas que as Palancas perderam o foco e deixaram escapar o pássaro.
Hoje à noite nada fica ganho ou perdido, mas o mais importante é que as Palancas Negras não se deixem intimidar pelo que ainda não aconteceu. A Argélia é uma grande selecção, sempre foi favorita nos confrontos com Angola, mas nunca na história as Raposas do Deserto conseguiram entrar no galinheiro nacional para fazerem tudo a seu bel-prazer, sempre venceram pela diferença mínima.
Os jogos Angola - Argélia transcendem o futebol. São países historicamente ligados pela política. Os argelinos ajudaram na guerra de libertação nacional, mas não é apenas a política a servir de elo entre as duas nações, agora a educação juntou-se a esta forte união, tendo em conta o elevado número de bolseiros angolanos que nos últimos anos fizeram.
Fonte: JA