Internacional
11 Janeiro de 2024 | 16h20

Campanha aquece em Taiwan para eleições chave na geopolítica mundial

A campanha está a aquecer nas vésperas das eleições presidenciais em Taiwan, cujo resultado terá impacto na geopolítica mundial, à medida que a ilha se destaca como principal ponto de tensão entre Pequim e Washington. Campanha aquece em Taiwan para eleições chave na geopolítica mundial

Com a campanha na reta final, os três candidatos têm realizado comícios de rua para dinamizar as suas bases eleitorais, enquanto tentam atrair os eleitores mais jovens através das redes sociais.

As últimas sondagens permitidas antes da votação mostram William Lai, do Partido Democrático Progressista (DPP), tradicionalmente pró-independência, ligeiramente à frente do Kuomintang, favorável a uma aproximação a Pequim. O Partido do Povo de Taiwan surge em terceiro lugar.

As autoridades reforçaram as medidas de proteção dos candidatos, depois de uma apoiante ter beijado de surpresa William Lai.

O incidente ocorreu na semana passada, quando Lai tinha acabado de tirar uma fotografia com uma mulher que aproveitou a proximidade para beijar o político na face.

As relações com a China dominam o discurso no período que antecede o escrutínio de 13 de janeiro. Na terça-feira, o lançamento de um satélite chinês que sobrevoou o sul de Taiwan deu origem a um alerta de ataque aéreo, emitido através de altifalantes e enviado para todos os telemóveis. No entanto, a versão inglesa do alerta traduziu erradamente "satélite" por "míssil", o que levou os políticos da oposição a acusarem o governo do DPP de estar a alimentar propositadamente a ansiedade do público a seu favor.

As relações entre Pequim e Taipé deterioraram-se desde que Tsai Ing-wen, do DPP, assumiu o poder, em 2016. Tsai enfatizou uma identidade nacional taiwanesa distinta da China e recusou-se a reconhecer o consenso alcançado em 1992, que afirma a unidade da ilha e do continente chinês no âmbito do princípio 'Uma só China'.

O Governo chinês interrompeu os contactos oficiais com Taipé e passou a enviar navios e aviões militares para áreas ao redor da ilha.

A China apelou hoje aos residentes de Taiwan para que façam a "escolha certa" nas eleições presidenciais de sábado e disse que William Lai constitui um "perigo sério", devido às suas posições pró-independência.

A eleição de Lai "só aumenta o risco de uma guerra feroz", advertiu.

Os rivais de Lai defendem que um reatamento moderado das relações com Pequim acaba por salvaguardar a independência de facto de Taiwan.

Com cerca de 36.000 quilómetros quadrados, o território tem pouco mais de 23 milhões de habitantes, mas a sua identidade e contexto geopolítico assumem hoje importância global, colocando frente a frente as duas maiores potências do planeta: China e Estados Unidos.

Destino de camponeses e pescadores das províncias chinesas de Fujian e Guangdong, ao longo dos séculos, Taiwan esteve sob domínio holandês, espanhol, chinês e japonês. No final da Segunda Guerra Mundial, o território integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek.

Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, o regime comunista que passou então a vigorar no continente chinês.

Vista de Pequim, Taiwan é uma barreira à projeção do seu poder na região da Ásia-Pacífico, devido à localização geoestratégica entre o mar do Sul da China e o mar do Leste da China, no centro da chamada "primeira cadeia de ilhas". A reunificação do território tornou-se um objetivo primordial no projeto de "rejuvenescimento da grande nação chinesa" do líder chinês, Xi Jinping.

Para os Estados Unidos, o maior aliado e fornecedor de armamento ao território, a 'queda' de Taiwan abalaria a credibilidade do seu sistema de alianças na Ásia-Pacífico, ditando o fim do domínio geoestratégico norte-americano na região.

Xi aproveitou o discurso de Ano Novo para avisar os eleitores de Taiwan de que a "reunificação" é uma "inevitabilidade histórica".

Em quatro ocasiões, o Presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu proteger Taiwan de uma potencial agressão militar chinesa. Durante um encontro em São Francisco, em novembro, Xi avisou Biden que a "reunificação da China é imparável".

Fonte: NM