As autoridades reforçaram as medidas de proteção dos candidatos, depois de uma apoiante ter beijado de surpresa William Lai.
O incidente ocorreu na semana passada, quando Lai tinha acabado de tirar uma fotografia com uma mulher que aproveitou a proximidade para beijar o político na face.As relações com a China dominam o discurso no período que antecede o escrutínio de 13 de janeiro. Na terça-feira, o lançamento de um satélite chinês que sobrevoou o sul de Taiwan deu origem a um alerta de ataque aéreo, emitido através de altifalantes e enviado para todos os telemóveis. No entanto, a versão inglesa do alerta traduziu erradamente "satélite" por "míssil", o que levou os políticos da oposição a acusarem o governo do DPP de estar a alimentar propositadamente a ansiedade do público a seu favor.
As relações entre Pequim e Taipé deterioraram-se desde que Tsai Ing-wen, do DPP, assumiu o poder, em 2016. Tsai enfatizou uma identidade nacional taiwanesa distinta da China e recusou-se a reconhecer o consenso alcançado em 1992, que afirma a unidade da ilha e do continente chinês no âmbito do princípio 'Uma só China'.
O Governo chinês interrompeu os contactos oficiais com Taipé e passou a enviar navios e aviões militares para áreas ao redor da ilha.
A China apelou hoje aos residentes de Taiwan para que façam a "escolha certa" nas eleições presidenciais de sábado e disse que William Lai constitui um "perigo sério", devido às suas posições pró-independência.
A eleição de Lai "só aumenta o risco de uma guerra feroz", advertiu.
Os rivais de Lai defendem que um reatamento moderado das relações com Pequim acaba por salvaguardar a independência de facto de Taiwan.
Com cerca de 36.000 quilómetros quadrados, o território tem pouco mais de 23 milhões de habitantes, mas a sua identidade e contexto geopolítico assumem hoje importância global, colocando frente a frente as duas maiores potências do planeta: China e Estados Unidos.
Destino de camponeses e pescadores das províncias chinesas de Fujian e Guangdong, ao longo dos séculos, Taiwan esteve sob domínio holandês, espanhol, chinês e japonês. No final da Segunda Guerra Mundial, o território integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek.
Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, o regime comunista que passou então a vigorar no continente chinês.
Vista de Pequim, Taiwan é uma barreira à projeção do seu poder na região da Ásia-Pacífico, devido à localização geoestratégica entre o mar do Sul da China e o mar do Leste da China, no centro da chamada "primeira cadeia de ilhas". A reunificação do território tornou-se um objetivo primordial no projeto de "rejuvenescimento da grande nação chinesa" do líder chinês, Xi Jinping.
Para os Estados Unidos, o maior aliado e fornecedor de armamento ao território, a 'queda' de Taiwan abalaria a credibilidade do seu sistema de alianças na Ásia-Pacífico, ditando o fim do domínio geoestratégico norte-americano na região.
Xi aproveitou o discurso de Ano Novo para avisar os eleitores de Taiwan de que a "reunificação" é uma "inevitabilidade histórica".
Em quatro ocasiões, o Presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu proteger Taiwan de uma potencial agressão militar chinesa. Durante um encontro em São Francisco, em novembro, Xi avisou Biden que a "reunificação da China é imparável".
Fonte: NM