Saúde
30 Outubro de 2023 | 15h56

Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral: Especialistas lançam novo alerta para aumento de casos

O secretário-geral da Sociedade Angolana de Doenças Cardiovasculares, Dário Olaio, chamou a atenção da sociedade angolana para os casos de hipertensão arterial, que estão a ser registados em pessoas com idades entre os 30 e 60 anos.

O médico, que não precisou números, considerou preocupante o registo de casos de hipertensão em jovens, tendo em conta a possibilidade de evolução da doença para Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outras complicações com grande influência na taxa de mortalidade por esta doença.

O médico cardiologista alertou, ainda, para o perigo da suspensão da medicação, tendo recomendado aos pacientes para pautarem por um estilo de vida saudável. "Muitos já têm o diagnóstico e, mesmo assim, ficam negligentes com esta condição e não dão continuidade à medicação”, acrescentou.

O mundo assinalou, ontem, o Dia do Acidente Vascular Cerebral (AVC). A data  serve para a chamar atenção sobre o risco da doença. Em Angola a classe médica está cada vez mais preocupada com a ocorrência de casos em pessoas com menos de 50 anos.

 
Ausência do trabalho

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a primeira causa de morte e ausência no local de trabalho por incapacidade, para a chefe de Serviço de Neurologia da Clínica Girassol, Katiana Laureano de Almeida.

A neurologista disse que a patologia  é factor de improdutividade da população, impossibilitando-os de efectuar qualquer actividade diária. Na maioria das vezes, explicou, os pacientes portadores de AVC não respondem às intervenções médicas, a curto ou médio prazos. "A recuperação destes é, geralmente, um desafio constante para os profissionais de saúde. Muitas vezes, o doente fica totalmente acamado e, por vezes, como o provedor da casa, a sua incapacidade desestrutura por completo as famílias”, acrescentou.

A especialista disse que durante as consultas de neurologia são atendidos, semanalmente, 50 pacientes e 80 por cento destes são jovens e pessoas consideradas pós-AVC. Nos últimos anos, realçou, têm surgido muitos pacientes jovens com hipertensão e AVC.


Recuperação tardia

A psicóloga do Departamento de Neurociência da Clínica Girassol, Tchela Silva, acredita que as condições socioeconómicas influenciam muito na recuperação das pessoas vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

"O AVC é um problema de saúde pública mundial e uma das maiores causas de incapacidade adquirida em todo o mundo é o peso socioeconómico do AVC em doentes e familiares para realizarem consultas externas”, enfatizou.

Para a especialista, a doença provoca inversão de papéis na vida dos doentes, porque a pessoa dependente perde autonomia, o que cria um impacto muito profundo na psique do doente e leva o mesmo a desenvolver uma depressão. "Quando um paciente apanha AVC gera muito sofrimento emocional e psicológico, não só no paciente mas também à família, visto que com a doença a pessoa pode sofrer défice neurológico funcional e perde a autonomia”, frisou.

Fonte: JA