Sociedade
11 Julho de 2023 | 09h42

Feiras do Kilamba e do KK5000 são deslocadas e reestruturadas

A feira entre o quarteirão F e Q do Kilamba, denominada “Ngola”, e a do KK5000, vão ser deslocadas e reestruturadas, brevemente, segundo informou, ontem, em Luanda, o administrador do Distrito, Hélio Aragão.

O dirigente garantiu que a mudança acontece dentro de três anos e, enquanto durar este processo, os vendedores vão ser transferidos para o novo mercado que está a ser construído no Kilamba.

A Feira do Kilamba, explicou, vai sofrer uma deslocação do local, enquanto que a do KK5000 deve permanecer no mesmo espaço, mas com outras infra-estruturas, que darão maior dignidade aos vendedores e visitantes.

"Vai ser dado um prazo de pelo menos três anos aos vendedores das feiras, em função dos investimentos que fizeram, porque precisam de ter retornos. Sabemos que a feira não está num local apropriado, por ser num jardim com o nome do primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto, e inclusive mereceu uma denúncia da viúva, Eugénia Neto”, esclareceu.

A centralidade, informou, tem actualmente 245 mil habitantes e para manter o desenvolvimento integrado da circunscrição lançou, recentemente, o projecto "Kilamba Go 2033”, com objectivo de colocar à disposição todos os serviços possíveis e torná-la num dos principais centros administrativo, económico e habitacional do país.

Numa entrevista concedida ao Jornal de Angola, por ocasião do 12º aniversário da Centralidade do Kilamba, o administrador referiu que o crescimento populacional da cidade surgiu em função da agregação dos novos bairros, como o Bita Progresso, Santo António, Flor e Cinco Fios, assim como o Camama II e Terra Nova.

Em função do seu crescimento, a administração definiu estratégias de governação para melhorar o mecanismo de gestão junto das comunidades, através dos conselhos e comissões de moradores. Com a implementação do novo projecto, a administração pretende trabalhar mais e comunicar melhor, para reforçar a interacção com os munícipes, resgatando o sentido patriótico e o compromisso de preservação dos bens públicos. O "Kilamba Go 2033” vai assegurar e promover uma governação de qualidade, com ênfase para o controlo da execução da despesa pública, em prol ao desenvolvimento, implementar acções de carácter económico e social, com impacto directo na melhoria de vida dos munícipes, assim como trabalhar para atingir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Território desafiante e inclusivo

Cinco meses depois de assumir o cargo de administrador, Hélio Aragão disse que durante este tempo foi feito um trabalho de adaptação com os colaboradores directos da centralidade, através de visitas intensas de campo por toda a cidade, inclusive aos bairros adjacentes.

O administrador considera que a Centralidade do Kilamba é um território desafiante e inclusivo, com diversos sectores sociais de olhos postos ao futuro. "Encontrámos um local com características diferentes da sua con-

cepção, mas tudo faremos para preservar a sua identidade. Lançámos a operação Kilamba Organizado, para pôr ordem em algumas áreas que estão fora do contexto”, garantiu.

Hélio Aragão realçou que o bairro Bita Cinco Fios foi apadrinhado, recentemente, pela cantora Ary, que tem a missão de acompanhar o desenvolvimento das condições sociais, pelo facto de ser uma zona nova e sem infra-estruturas básicas.

Esclareceu que o bairro cresceu numa zona reservada, onde ia ser erguida a zona II do Kilamba, mas infelizmente, foi invadida pelos cidadãos e já vivem nele cerca de 18 mil famílias.

"Este diagnóstico foi possível, depois de um trabalho árduo que realizámos a pé, com chuva ou sol, sem parar, em conjunto com os administradores locais, Polícia Nacional e outros organismos, com objectivo de perceber os problemas reais e aqueles que devem ser resolvidos urgentemente”, disse.

O governante assumiu que a sua missão é voltar a fazer do Kilamba um bom lugar para se viver, que consiste em cuidar dos munícipes, devolver as zonas verdes, que antes ocupava 75 por cento do território, mas infelizmente foi-se degradando com o descuido.

Sublinhou ser também necessário devolver a iluminação pública, as áreas de lazer, tornando a cidade cada vez mais num local de família, desporto e ambiente.

Em relação às novas infra-estruturas habitacionais e não só, o administrador esclareceu que são da responsabilidade da Gestão do Terrenos Infra-estruturados (GTI), por isso, cabe à instituição dar os melhores pormenores destes projectos. "Sabemos que a situação tem sido uma preocupação dos munícipes, pelo facto de muitos espaços verdes estarem ocupados, com edificações de supermercados e lojas, mas não é da nossa responsabilidade”, justificou.

Hélio Aragão reconheceu que a administração vive vários constrangimentos por causa da autonomia da GTI, por ser um órgão do Ministério do Urbanismo e Construção, que, por sinal, é o dono das centralidades do país.

O administrador salientou que o Kilamba tem mais de 700 edifícios e 25.000 apartamentos, por isso, não é compatível para ser um distrito, mas sim município. "Com a nova divisão administrativa, é capaz de ascender à sua real concepção administrativa, porque não temos meios suficientes para administrar. O orçamento tem variado em cerca de 90 milhões de kwanzas anual, o que perfaz oito milhões por mês, para gerir toda infra-estrutura”, revelou.

Assistência médica vai ter melhorias

O administrador apontou que o sector da saúde vai sofrer "grandes” transformações, nos próximos tempos, com a construção do hospital dos Queimados, que vai ter capacidade para 250 camas e atender dez especialidades, entre as quais, pediatria, cirurgia, ortopedia, medicina interna e laboratório, além de uma área específica para casos de queimaduras.

De acordo com dados apurados no local, o hospital está a ser construído junto do Largo do Jardim dos Noivos, em frente ao Quarteirão D, chega em boa hora, tendo em conta que aquela parcela de Luanda carece dos referidos serviços.

A cidade do Kilamba, projectada para cerca de 300 mil habitantes, conta apenas com um centro de saúde de referência, que funciona em instalações improvisadas e enfrenta muitas dificuldades para atender a população, quer da sede do distrito, quer dos bairros periféricos.

O centro de saúde do Kilamba ainda não oferece as condições necessárias para garantir um atendimento mais adequado aos cidadãos, sendo que também atende pacientes de outras partes de Luanda.

O centro tem uma maternidade que realiza vários partos por dia e tem capacidade de internar 20 pacientes. Outro problema vivido no centro é a falta de equipamentos, principalmente, de laboratório.

Em relação à segurança da Centralidade do Kilamba, a administração recentemente ofereceu 15 motorizadas para apoiar a Polícia Nacional, no sentido de reforçar o patrulhamento.

Serviços de manutenção são caros

O dirigente anunciou que os serviços de manutenção, constituídos por despesas de energia, água, iluminação pública, podagem das árvores, arranjo dos jardins e limpeza têm orçamentos altos.

A Centralidade é constituída por 1.800 edifícios e 25.000 apartamentos. Em termos de serviços, a cidade tem 24 escolas, 26 creches, mais de 300 unidades co-merciais, que comportam restaurantes, lojas de conveniência e diversos.

O administrador apontou que a cidade tem serviços de Identificação Civil, Cartório, Notário, Registo Predial, AGT, serviços de proximidade, como lojas de conveniência, restaurantes, farmácias e consultórios médicos.

Desde a última divisão administrativa, em 2016, o Kilamba ascendeu a distrito, sendo que neste momento conta com mais três bairros ou zonas peri urbanas, além da cidade, que inclui o KK5000, estão também alocados o Bita Santo António, Progresso e Bita Vila Flor.

O dirigente alertou que com a junção destes territórios, a situação da gestão da administração começa a ficar apertada, tendo em conta a melhoria das condições de vida da população, porque essas zonas carecem de serviços de saneamento básico, energia e outros.

"Temos um plano para desenvolver estas zonas do ponto de vista urbanístico, porque são zonas virgens, de modo a evitarmos a desigualdade social”, destacou.

Plano de Desenvolvimento Integrado

De acordo com Hélio Aragão, a administração do Distrito do Kilamba disponibilizou uma parcela de terreno para a construção de uma unidade do Serviço Integrado de Atendimento ao Cidadão (SIAC), com a finalidade de desburocratizar e simplificar o acesso aos serviços públicos.

O SIAC, disse, vai também disponibilizar condições físicas e ambientais adequadas aos munícipes, com um sistema uniforme e com padrões de atendimento modernos, quer no sector público administrativo, quer no privado.

A construção de um Centro Administrativo e Empresarial também faz parte do novo projecto da centralidade, com objectivo de transformá-lo no segundo centro administrativo de Luanda, através de representação dos ministérios, serviços públicos e privados, a fim de aproximar e oferecer uma prestação mais prática e eficaz.

A bacia de retenção do Kilamba Sudeste será requalificada e transformada num espaço recreativo, onde será possível praticar exercícios físicos, diversão para crianças, além de promover a conexão entre os munícipes.

A Cultura e Arte também, referiu, estarão inseridas dentro do projecto, assim como ambientes de piquenique, que vão reforçar o espírito de união, por ser um momento agradável entre amigos e familiares.

Anunciou que a praça do desporto será construída com o objectivo de fornecer aos munícipes algumas ferramentas necessárias para a realização autónoma de actividades desportivas, onde serão lançados os campeonatos de futebol e basquetebol, denominados "Gira Kilamba”.

O administrador considera que os salões de eventos constituem um papel importante na sociedade, por ajudar a promover festas e diversão para os cidadãos, mas ainda carece de espaços adequados que garantam maior conforto e segurança.

Garantiu que o antigo estaleiro que servia para a construção da Academia Venâncio de Moura vai ser transformado num espaço turístico, cultural e gastrónomo de referência do Distrito, com a inclusão de restaurantes, bares, espaços comerciais e palco para actividades culturais.

Oprojecto contempla ainda a adaptações e construções do polo industrial, cooperativa, centro logístico, galerias, feiras, cemitério, centro de convívio para idosos e comunitário e serviços dos Correios de Angola.

Para comemorar a data, está a ser realizada, desde a semana passada, a Expo Kilamba, uma actividade socioeconómica que integra vários empresários e consumidores.

Fonte: JA