Saúde
14 Junho de 2023 | 09h25

Angola conseguiu imunizar cerca de 2,5 milhões de crianças contra a Pólio e Sarampo

Angola conseguiu imunizar, durante uma campanha realizada no ano passado, cerca de 2,5 milhões de crianças menores de cinco anos com as vacinas da Pólio, Sarampo e a administração da Vitamina A, tendo, com isso, atingido uma cobertura administrativa próxima de 90 por cento.

A informação foi avançada ontem em Madrid, pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, durante a participação no encontro de avaliação de médio termo da Conferência Global da Gavi sobre o impacto das vacinas no mundo, que se subordinou ao lema "Construir a África de amanhã: Saúde, Prosperidade e Igualdade de Oportunidades”.

A ministra da Saúde, que falava num painel que contou com a presença do homólogo da República Centro Africana, do director-geral da África CDC, do CEO da ABT Associates, CEO da Commons Project e do vice-presidente da Humanitarian and Development, Mastercard Inc, fez saber que, no quadro destas acções, o país conseguiu proteger, também, cerca de 600 mil cidadãos contra a pandemia da Covid-19.

Sílvia Lutucuta deu a conhecer que o alcance deste desiderato resultou da combinação feita entre as plataformas digitais Iota e Rediv, que permitiram a implementação, "bem sucedida”, da campanha nacional de vacinação contra aquelas doenças, que contou com a integração da vacinação da Covid-19.

Tal como em muitos países, a ministra da Saúde disse que Angola enfrentou, igualmente, vários desafios durante e pós-pandemia da Covid-19, tendo destacado, entre eles, os efeitos sistémicos nas estruturas sociais e económicas, com um impacto imensurável sobre o qual, como avançou, o país não estava, devidamente, preparado. Disse que esses constrangimentos afectaram, também, os programas de Saúde Pública, em especial o de vacinação de rotina, que disse ser um pilar muito importante para a prevenção de doenças. "Com isto, tivemos uma baixa nas coberturas vacinais, tal como aconteceu em todo o mundo”, realçou.

Com vista a dar a volta a esta situação, Sílvia Lutucuta disse que o país começou a implementar, desde 2022, um conjunto de acções viradas para a recuperação das coberturas de vacinação, nomeadamente, a introdução da vacina da Covid-19, no início de 2022, no programa de vacinação de rotina.

Na sequência, a titular da pasta da Saúde referiu que, em 2023, se deu início ao programa MICS, para a recuperação de "Crianças Zero- Doses” em 22 municípios, que registaram uma cobertura vacinal baixa, atingindo cerca de 60 por cento. "Nós estamos, por essa altura, a fazer esta intensificação da vacinação. Já nos recuperamos bastante e temos um apoio muito importante da Gavi”, destacou.

Sílvia Lutucuta frisou que, no meio das dificuldades, o país descobriu oportunidades que contribuíram para o melhoramento da gestão da pandemia da Covid-19 e da campanha de vacinação.

Ressaltou que o país iniciou, em Março de 2021, a implementar o Plano Nacional de Vacinação Contra a Covid-19, bem como a reforçar e ampliar a cadeia de frio.

Para melhor gerir a vacinação contra a Covid-19, disse ter sido desenvolvido, de raiz, um sistema inovador para o pré-registo e o registo digital nominal dos cidadãos, denominado REDIV, que, segundo fez saber, permitiu monitorizar e gerir, de forma integrada, a informação logística e a administração da vacina.

"Temos registado digital e nominalmente, no REDIV, mais de 17,5 milhões de pessoas com mais de 12 anos”, revelou a ministra da Saúde, para quem a pandemia realçou a importância do investimento nas infra-estruturas digitais e na adopção de novas tecnologias em Angola. Sílvia Lutucuta disse que este registo começou logo no início da implementação do plano de vacinação e, durante a pandemia, permitiu controlar, em tempo real, mais de 1. 700 postos de vacinação, incluindo os de alto rendimento, equipas avançadas e móveis, algumas delas a funcionar em modo offline.

No quadro dessas inovações, a ministra da Saúde ressaltou que a plataforma de logística digital de gestão de vacinas de rotina, a Iota, foi alargada a todo o país, com a inclusão das vacinas contra a Covid-19, que permitiu gerir, de forma digital e em tempo real, toda a cadeia logística de vacina contra aquela pandemia e da vacina de rotina.

"Continuar este sucesso e esta dinâmica inovadora e de crescimento é o nosso grande desafio e, para isso, temos a certeza de que vamos continuar a contar com o apoio dos diversos parceiros, como a Gavi, o Banco Mundial, OMS, Unicef, USAID, CDC e muitos outros”, salientou.

Sílvia Lutucuta disse acreditar que esta experiência vai levar o país a promover uma maior qualidade, equidade, acesso, capacidade de planeamento, monitorização e avaliação de toda a cadeia de valor dos produtos, colocando, deste modo, as pessoas no centro das actuações. "Angola está numa fase de consolidar, crescer e inovar”, concluiu.

  País prepara condições para iniciar  uma nova campanha de vacinação

A  directora nacional de Saúde Pública, Helga Freitas, informou que a campanha que levou o país a atingir o resultado de 2,5 milhões de crianças vacinadas aconteceu no ano passado e foi realizada em duas fases, sendo a primeira em Junho e a segunda em Agosto.

Helga Freitas deu a conhecer que estão a ser criadas, neste momento, condições para o início de uma próxima campanha de vacinação, por causa, sobretudo, dos surtos existentes nos países fronteiriços, como é o caso, por exemplo, da República Democrática do Congo, onde disse ter sido registado um caso de poliomielite. "Face a este quadro, não podemos deixar de manter estas campanhas, mas, por outro lado, temos que reforçar a vacinação de rotina, que, para nós, é muito importante”, destacou.

Fonte: JA