Cultura
02 Junho de 2023 | 19h51

Escritora angolana destaca a promoção do gosto pela leitura em tenra idade

A Academia Angolana de Letras realizou nesta quinta-feira, a primeira conferência do ciclo do mês de Junho da série conversas da Academia à Quinta-feira, em saudação ao dia internacional da criança. Foi conferencista a escritora Domingas Monte. Que abordou o “imaginário da fauna na literatura infantil angolana”, na presença de acadêmicos e investigadores de Angola, Bélgica, Namibia e Portugal.

Sob moderação do também escritor António Quino, a conferencista da semana analisou obras de Dario de Melo ("As 7 vidas de um gato”), de Maria Eugênia Neto ("E na floresta os bichos falaram…”),  de Maria Celestina Fernandes ("O grande encontro”), e de Zaida Dáskalos ("Duas histórias”).


A conferencista fez menção que as quatros histórias por si mencionadas, que são atravessadas pelas solidariedade entre os animais e a falta dela, transportam consigo o imaginário da fauna na literatura infantil angolana, como pretexto para retratar metáfora da vida humana, "os animais aparecem na literatura como metáfora da vida humana, com  a finalidade de desmascarar o homem, permitindo desenvolver na criança a capacidade de explorar o mundo das palavras, o universo das fantasia e empreender a viagens para o desconhecido e para o seu cotidiano”. 


Para a escritora a presença de animais na literatura infantil angolana, de acordo com os nossos hábitos e costumes, representa valores que servem para fortificar a personalidade da criança. Entretanto, a escritora considera o contexto actual: "Estamos numa época de grandes desafios com equipamentos tecnológicos, época com a qual temos de lidar todos os dias. As crianças deixaram de brincar como se brincava outrora. Nós os escritores para públicos com esta idade, temos também de nos adaptar a essa realidade”. Referiu 


Domingas Monte, destacou ainda o  facto de as crianças se tornarem leitoras no colo de seus pais: "Mesmo não tendo hábito de leitura, aqueles pais que pretendem formar bem os seus filhos podem transformar os filhos bons leitores”. 


Durante o encontro, foi ainda reforçado a necessidade do  Ministério da Educação promover o gosto pela leitura e pelo conhecimento de obras de autores angolanos,  desde tenra idade. 


Constatou-se de igual modo que os livros de literatura infantil, com linguagem e ilustrações próprias, várias cores e papel especial, acabam por chegar ao mercado com preços de capa altíssimos para o bolso do cidadão comum. Daí a escritora ter afirmado que "devemos  subvencionar este tipo de livro, para chegar ao consumidor a um preço que estimule a aquisição”. 


A próxima conversa da Academia à Quinta -feira está agendada para o dia 8 de Junho, a partir das 19 horas. Sob moderação do escritor António Quino. O escritor Antonio Fonseca, dissertará "Pelos caminhos da literatura angolana: a década de 1980”.