Internacional
21 Abril de 2023 | 11h17

Quem se opõe à unificação de Taiwan está a "brincar com o fogo", diz ministro

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, intensificou hoje as ameaças a Taiwan ao afirmar que qualquer força que vá contra as exigências de Beijing de exercer controlo sobre a ilha está a "brincar com o fogo", noticiou agência AFP.

Os comentários de Qin Gang ocorreram no final de um discurso que enfatizou a contribuição da China para a economia global e os interesses das nações em desenvolvimento, no qual ele elogiou repetidamente a Iniciativa de Segurança Global, promovida pelo Presidente chinês, Xi Jinping.

A iniciativa visa construir uma "arquitectura global e regional de segurança equilibrada, eficaz e sustentável", ao "abandonar as teorias de segurança geopolíticas ocidentais".

Em particular, a proposta chinesa opõe-se ao uso de sanções no cenário internacional.

Trata-se de mais uma iniciativa da China para posicionar o seu sistema político de partido único, com ênfase na estabilidade social e crescimento económico, como alternativa à abordagem liberal ocidental, que define amplamente as relações internacionais.

No final do discurso, proferido em Xangai, a "capital" económica da China, Qin voltou-se para a "questão de Taiwan", usando termos mais duros do que os diplomatas chineses normalmente empregam.

"A salvaguarda da soberania nacional e da integridade territorial é irrepreensível", disse.

"A questão de Taiwan está no cerne dos interesses centrais da China. Nunca recuaremos perante qualquer acto que prejudique a soberania e a segurança da China", afirmou.

Advertindo "aqueles que brincam com o fogo na questão de Taiwan vão-se queimar”.

No final da Segunda Guerra Mundial, Taiwan integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek. Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, no continente chinês, comunista.

O território realizou reformas democráticas nos anos 1990 e é hoje uma das mais vibrantes democracias no leste da Ásia.

Mas, República Popular da China considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.

Nos últimos anos, a China tem enviado caças e navios de guerra para perto do território com frequência quase diária.

Há duas semanas, o Exército chinês realizou quatro dias de intensos exercícios militares em torno de Taiwan, que incluíram a simulação de um bloqueio da ilha.

A China disse que os exercícios foram concebidos como um "sério aviso" para os políticos pró-independência da ilha autónoma e os seus apoiantes estrangeiros.

Embora mantenha relações diplomáticas oficiais com apenas 13 estados soberanos, Taiwan mantém fortes laços com a maioria das nações importantes, incluindo os Estados Unidos.

O ritmo acelerado da actividade militar e a linguagem cada vez mais belicosa suscitaram preocupações sobre um possível conflito numa das regiões economicamente mais vitais do mundo.

Taiwan produz muitos dos 'chips' semi-condutores necessários para o fabrico de produtos electrónicos e o Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China continental, é uma das vias navegáveis mais movimentadas do mundo.

Taiwan vai eleger um novo presidente e parlamento em Janeiro. A China é fortemente favorável ao Partido Nacionalista (Kuomintang), actualmente na oposição.

O Partido Nacionalista apoia a unificação política entre os lados, sob termos ainda a serem definidos.

As autoridades taiwanesas e norte-americanas dizem que a China está a usar a sua influência económica e campanhas de desinformação para reforçar a sua posição, mas a maioria dos inquéritos demonstram que a população de Taiwan apoia a manutenção do 'status quo' de uma independência de facto do território.