Saúde
30 Janeiro de 2023 | 14h56

Zaire sem reagentes para o rastreio da doença do sono

Há quatro anos que a província do Zaire não realiza testes laboratoriais para o rastreio precoce da doença do sono, por falta de reagentes, informou esta segunda-feira, em Mbanza Kongo, o supervisor local das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), Nzilamosi Luvundisa.

Em declarações à ANGOP, o responsável explicou que as autoridades sanitárias locais deixaram de fazer o rastreio precoce dessa patologia em 2018, altura em que foi extinto o Instituto de Combate e Controlo das Tripanossomiáses (ICCT) na província.

A fonte mostrou-se preocupada com a situação, devido ao ressurgimento de alguns casos da doença do sono na região, com realce para o município de Mbanza Kongo onde foram detectados, em Fevereiro e Outubro de 2022, em medicina, dois novos casos dessa enfermidade.

Disse terem sido detectados, também, 11 casos suspeitos da mesma doença em 2022, na comuna de Luvaka, município do Cuimba.

"A doença do sono ainda não está erradicada na nossa província. Falta-nos alguns equipamentos e meios para o rastreio precoce da mesma”, observou.

O supervisor das Doenças Tropicais Negligenciadas falou, igualmente, da necessidade da retoma das campanhas de prospecção activa, suspensas em 2018, principalmente naqueles municípios considerados mais endémicos.

A propósito, apontou os municípios de Mbanza Kongo, Cuimba e Soyo como as localidades em que a mosca tsé-tsé (vector da tripanossomíase) mais abunda, pelo que defende, também, a retoma do programa de luta antivectorial com a instalação de armadilhas em zonas afectadas.

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"Continuamos a aguardar pelo pronunciamento da Direcção Nacional de Saúde para a realização de uma campanha de prospecção activa em alguns municípios da nossa província”, ressaltou.

Em relação aos fármacos para o tratamento de pacientes acometidos com essa doença, a fonte explicou que, actualmente, os medicamentos são distribuídos a partir da Direcção Nacional da Saúde, mediante o número de doentes diagnosticados por cada província.

A província do Zaire já foi considerada a mais endémica de Angola em termos da doença do sono. O quadro foi alterado nos últimos dez anos, devido às políticas de combate à esta doença levadas a cabo pelas autoridades sanitárias do país.

A tripanossomíase (doença do sono) é uma doença causada por protozoários do género Trypanosoma Brucei, transmitida pela picada da mosca tsé-tsé. O seu diagnóstico é feito pela identificação do microrganismo no sangue ou no líquido cerebrospinal.

Vista da vila do Cuimba na província do Zaire © Fotografia por: David Augusto - ANGOP

Fonte: Angop