Saúde
23 Maio de 2021 | 10h05

Valor do teste para diagnóstico do cancro uterino inibe pacientes

O cancro do colo do útero continua a ser uma das doenças que mais mata em Angola. Todos os anos, de acordo com dados oficiais, pelo menos dois mil casos da doença são diagnosticados no país, deixando, entre as mulheres angolanas, um clima de medo e preocupação.

Trata-se da segunda maior causa de morte entre mulheres em todo o mundo e do tipo de cancro mais frequente nas mulheres africanas, causado, fundamentalmente, pelo vírus do HPV.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, todos os anos surgem mais de 500 mil novos casos da doença no Planeta Terra, que matam pelo menos 260 mil mulheres, sobretudo em países em  desenvolvimento, das quais, aproximadamente, mil e 987 em território angolano.
Só em 2020, de acordo com dados oficiais a que a ANGOP teve acesso, foram detectados mil e 118 casos em Angola, envolvendo, principalmente, mulheres dos 15 aos 44 anos de idade.
Na verdade, os casos de cancro do colo do útero multiplicam-se rapidamente no país, muitas vezes de forma silenciosa, levando à morte milhares de mulheres em plena idade activa.
Em concreto, vários factores influenciam para o aumento da doença no país, embora especialistas apontem, entre os principais, a fraca cultura das mulheres de acederem aos exames de rastreio, a fim de despistarem a doença ou iniciarem o tratamento precocemente.
Pelas 18 províncias do país é notório que, apesar das campanhas de sensibilização feitas pelas autoridades nacionais, para alertarem sobre a perigosidade desta doença, milhares de mulheres ainda desconhecem como reduzir a possibilidade de contrair o cancro. 
Outras, porém, sentem vergonha de realizar o Papanicolau (exame simples e rápido que colhe células do colo do útero para análise em laboratório) e/ou os testes de HPV, feitos para detectar infecção sexualmente transmissível, que pode causar verrugas e cancro.
Entretanto, há quem defenda que, em Angola, esses factores não explicam, isoladamente, a essência do problema. No entender de várias pacientes ouvidas pela ANGOP, os preços do Papanicolau, nas clínicas privadas, e a demora na entrega dos resultados, na rede pública, inibem o diagnóstico precoce.  
Uma pesquisa recente dos nossos repórteres revelou que, em média, o custo de um teste de Papanicolau, nas clínicas privadas, pode variar de 40 a 60 mil kwanzas, valores acima do salário mínimo naci onal, estipulado, actualmente, em pouco mais de 21 mil kwanzas.



Fonte: Angop