"Parece-me muito preocupante o sistema muito injusto de distribuição de vacinas no mundo”, disse Guterres em entrevista difundida hoje pela televisão canadiana CBC.
"É do interesse de todos garantir o mais rápido possível e de forma equitativa
que o mundo inteiro seja vacinado e que as vacinas sejam consideradas como um
bem público a nível mundial”, pediu.
O secretário-geral da ONU acusou os países ricos de fazerem ‘stock’ das vacinas
para além das necessidades das suas populações.
"Apelamos para os países desenvolvidos
partilharem uma parte das vacinas que compraram”, disse, referindo que "em
muitos casos, foram compradas mais do que as que são necessárias”.
Guterres lamentou que o sistema internacional de distribuição de vacinas Covax,
de ajuda aos países mais desfavorecidos, esteja em "dificuldades”, por ‘stock’
de vacinas, limitações às exportações e por falta de fundos para o Covax.
Para o secretário-geral da ONU, a saída da pandemia depende da "possibilidade
de vacinar o mais rápido possível a população mundial”, e pediu um "mecanismo
impulsionado pelo G20 para pôr em prática um plano de vacinação mundial”.
Interrogado sobre a eventual adoção de passaportes de vacinação, António
Guterres mostrou-se muito circunspecto, referindo que antes de qualquer decisão
deve haver "uma discussão séria para garantir a equidade” da medida e garantir
que existe uma "cooperação mundial eficaz sobre a forma de actuar”.
"O pior seria que uns países tivessem o passaporte e outros não. Isso seria
devastador se significasse que as pessoas teriam a possibilidade de se deslocar
no mundo desenvolvido, mas não no mundo em desenvolvimento”, disse.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.777.761 mortos no mundo,
resultantes de mais de 126,6 milhões de casos de infecção, segundo um balanço
feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.837 pessoas dos 820.407 casos de infecção confirmados,
de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de 2019, em
Wuhan, uma cidade do centro da China.
Fonte: LUSA