COVID-19
09 Março de 2021 | 09h37

Ministro da Saúde foi o primeiro a ser vacinado em Moçambique

O ministro da Saúde de Moçambique foi o primeiro a ser vacinado no país contra a Covid-19, no âmbito da campanha que ontem arrancou em todo o território.

"A vacina que estamos a administrar é eficaz em 79,3 % para evitar que uma pessoa com a infecção desenvolva sintomas leves e, para outro caso, em que a pessoa já tenha sintomas leves, é em 100% eficaz para evitar sintomas graves", disse à Lusa Armindo Tiago, momentos após ser vacinado no Hospital Central de Maputo, numa cerimónia simbólica que marca o arranque da campanha.
Trata-se da vacina Verocell, fabricada pela farmacêutica chinesa Sinopharm, e que resulta de uma doação do Governo de Pequim para Moçambique no âmbito da cooperação entre os dois Estados.

O plano de vacinação lançado ontem está estimado em quase dois mil milhões de meticais (23 milhões de euros) e vai dar prioridade aos profissionais que estão na linha da frente do combate à epidemia.
Além dos profissionais da Saúde, o Executivo moçambicano quer abranger na primeira fase de vacinação idosos que vivem em lares e trabalhadores destes espaços, bem como as Forças de Defesa e Segurança e pacientes com diabetes.
Moçambique quer vacinar 16 milhões de pessoas (toda a população adulta) contra a Covid-19 até ao final do primeiro trimestre de 2022, no cenário mais optimista.

Além da vacina oriunda da China, o país também recebeu ontem um total de 484.000 lotes, dos quais 384 mil são doadas no âmbito da iniciativa Covax e 100 mil são oferecidas pela Índia.
A cerimónia simbólica de recepção das vacinas foi dirigida pelo  Primeiro-Ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, no Aeroporto Internacional de Maputo, com a presença dos parceiros de cooperação.

"Estas doses de vacinas que acabamos de receber serão utilizadas de forma transparente e criteriosa, respeitando o Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19", declarou o Primeiro-Ministro, durante o evento, agradecendo a solidariedade da comunidade internacional.
O embaixador da União Europeia em Moçambique, António Sánchez-Benedito Gaspar, afirmou que a doação, no âmbito do mecanismo Covax, chega num "momento muito oportuno", referindo que a comunidade internacional está unida para identificar vacinas "disponíveis e seguras".

"Durante o mês de Fevereiro, as vacinas chegaram a milhões de pessoas em diferentes países. Em Moçambique chega num momento muito oportuno após a apresentação do plano de vacinação", disse António Sánchez-Benedito, considerando a iniciativa a "maior campanha de imunização da história da humanidade".
Moçambique tem um total acumulado de 693 mortes e 62.520 casos, dos quais 74% recuperados e 160 internados (a maioria em Maputo).

Sociedade
civil pede transparência
O Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD, na sigla inglesa), organização da sociedade civil moçambicana, pediu transparência na campanha de vacinação contra a Covid-19.
"Em alguns países onde já estão a ser aplicadas as vacinas, tem-se verificado a ocorrência de manifestações, devido à falta de transparência e de clareza na informação", refere o IMD, em comunicado.
"Moçambique tem que aprender com os erros de outros países", acrescenta a nota de imprensa.

A organização avança ser importante que o processo decorra observando todo o protocolo de segurança aos abrangidos e que seja dada uma espécie de certidão de vacina.
O IMD defende ainda que com a retoma das aulas, os professores devem fazer parte dos grupos-alvos prioritários para tomar a vacina.
"Os profissionais do sector da Educação devem subir na lista das prioridades para a vacinação", lê-se na nota de imprensa.

Por outro lado, prossegue, os estudantes que padecem de doenças que aumentam a vulnerabilidade em relação à Covid-19 também devem merecer atenção especial.
Num contexto em que Moçambique enfrenta uma segunda vaga, o IMD diz ser importante a clarificação das condições em que serão retomadas as aulas, depois de na semana passada o Presidente da República, Filipe Nyusi, ter anunciado o regresso à escola.

A organização defende a pertinência da manutenção das restrições impostas pelo Governo face à pandemia, dada elevada incidência da doença e o início de uma trajectória descendente da mesma.
"Faz todo o sentido manter o essencial das medidas que, de alguma forma, estão a contribuir para o abrandamento dos casos, para preservar estes ganhos", enfatiza o IMD.

Fonte: JA