"Há evidências convincentes de que já ter passado por uma infeção com o vírus original não protege contra a reinfecção com a variante B.1.351 [a detetada na África do Sul]", alerta o Dr. Shabir Madhi, da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo. Shabir Madhi conduziu um ensaio da vacina pela empresa americana Novavax, que obteve resultados preliminares inesperados - no grupo de controlo não vacinado, as pessoas que nunca tiveram Covid e as que tiveram a doença foram infectadas ou reinfectadas na mesma taxa, chegando a 4% em ambos os casos.
A vacina Novavax é uma das cinco que mostrou evidências de ser menos eficaz contra a variante B.1.351. Foi 89% eficaz num teste no Reino Unido, mas apenas 60% na África do Sul. A injeção da também americana Johnson & Johnson alcançou uma eficácia de 72% nos EUA, mas apenas 57% na África do Sul. E o país africano suspendeu diretamente a administração da vacina de Oxford e AstraZeneca após observar uma eficácia de apenas 22% num ensaio preliminar.
Um pequeno estudo com 20 pessoas, publicado na semana passada na revista Nature, sugere que as vacinas Pfizer e Moderna também são um pouco menos eficazes contra vírus com a mutação E484K, como a variante identificada na África do Sul e a primeira detetada no Brasil. "Mutações no vírus estão a reduzir a capacidade dos anticorpos de neutralizá-lo”, alerta o biólogo argentino Rafael Casellas, coautor da pesquisa.
A boa notícia é que as vacinas, embora não previnam todas as infecções, têm eficácia praticamente absoluta na prevenção dos casos mais graves. "A previsão é que as vacinas atuais vão manter as pessoas fora do hospital, mas ao mesmo tempo o vírus terá a capacidade de se reproduzir nos infectados para que continue a espalhar-se na sociedade”, explica Casellas, chefe de laboratório do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. O investigador é da opinião que as vacinas terão de ser atualizadas periodicamente, como acontece com as vacinas contra a gripe.
Fonte: NM