"Mas isso (as habilidades), não isenta essas pessoas de terem as dificuldades que o espectro pode proporcionar, principalmente nos campos motor e comunicacional”, explicou.
Segundo o neuro-pediatra, para potencializar essa aptidão, é necessário o envolvimento e acompanhamento de uma equipa médica composta por neurologistas, pediatras, psicólogos, pedagogos, terapeutas e geneticistas que deve ter uma abordagem clara com decisões precisas, para uma melhor abrangência e resposta ao desenvolvimento da criança.
"Essas crianças podem desenvolver habilidades no domínio cultural (música), das ciências exactas (matemática), engenharias e desportos, desde que sejam orientadas e direccionadas”, assegurou.
Lembrou que o transtorno do espectro autista não vem isolado, mas sim com outras co-morbilidades.
Adiantou que um dos primeiros sinais, nos primeiros anos de vida, é o défice de atenção, seguido de hiperactividade e impulsividade (TDH).
Conforme o responsável, as crianças com autismo podem apresentar algumas dificuldades do ponto de vista motora (apraxia), crises epilépticas, transtorno psiquiátricos como depressão, ansiedade, esquizofrenia e distúrbio do sono.
Garantiu que uma das formas de diminuir essas dificuldades é ter uma estimulação precoce do ponto de vista multidisciplinar, para evitar que essas co-morbilidades tenham um grande impacto no seu desenvolvimento.
Centros de neuro-desenvolvimento
O neuro-pediatra falou dos centros de neuro-desenvolvimento que têm como finalidade garantir a terapia e acompanhamento das pessoas com o espectro do autismo.
De acordo com o médico, um dos grandes problemas dos pais incide na terapia, devido a carência destes centros.
"As terapias são feitas por longos anos de vida e, infelizmente, Angola não tem centros públicos de neuro-desenvolvimento que possam apoiar e acompanhar essas crianças, sendo que os pais recorrem às instituições privadas, com custos onerosos”, lamentou.
Conforme o especialista, muitos pais chegam a gastar entre 400 a 500 mil Kwanzas por mês, nos centros, o que dificulta a sua permanência.
O médico alertou aos pais a procurarem especialistas para um diagnóstico e acompanhamento precoce, sempre que registarem atrasos no desenvolvimento neuro-psico motor da criança, predominante na fala, até aos dois anos de idade.
Estudos apontam que 80 por cento dos casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam boa evolução com o método ABA (uma técnica de compreensão humana), uma vez que o tratamento visa proporcionar qualidade de vida para o paciente.
Neste sentido, o neuro-pediatra explicou que cada paciente recebe um tratamento diferenciado, sendo que nenhum paciente é igual ao outro.
Tipos de autismo e sintomas
Os diferentes tipos de autismo são transtorno autista, síndrome de Asperger, transtorno invasivo do desenvolvimento e transtorno desintegrativo da infância.
Os sintomas costumam estar presentes desde a primeira infância e podem afectar o funcionamento diário, sendo que os mais comuns são dificuldade para se comunicar e interagir, comportamentos repetitivos e limitações nas actividades diárias.
Sobre a doença
Walter Diogo disse que o transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neuro-desenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, insuficiência na comunicação e interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, com um repertório restrito de interesses.
Salientou que não existe uma causa única e determinada para o autismo na infância, sendo que, até os anos 80, o autismo era considerado um transtorno adquirido por influência de factores do ambiente.
Salientou que o autismo é resultado de uma série de alterações no funcionamento normal do cérebro.
"A comunidade médica acredita que factores genéticos representam cerca de 90 porcento das causas, enquanto os ambientais são responsáveis por 10 por cento”, argumentou.
Vantagem do diagnóstico precoce
O neuro-pediatra defendeu que o diagnóstico precoce do autismo ajuda a melhorar as habilidades sociais e de comunicação da criança, ajudando-a à aprender novas valências que permitirão ser mais independente ao longo da vida.
O transtorno do espectro do autismo costuma ser identificado pelos especialistas quando a criança tem entre 1 ano e meio e 3 anos.