Saúde
06 Fevereiro de 2023 | 15h07

Mais de 70 pessoas iniciam correcção do lábio leporino no Bié

Setenta e duas pessoas, entre adultos e crianças, iniciaram esta segunda-feira, no Cuito, província do Bié, a beneficiar de operação cirúrgica para corrigir o lábio leporino e fenda palatina, no Hospital Dr. Walter Stranguay.

Até hoje, estavam inscritos 79 pacientes, mas sete ficaram de fora, por as análises feitas na altura da triagem detectaram algumas anomalias.

Além do Bié, estão igualmente cidadãos vindos de Benguela, Huambo, Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte.

O coordenador do grupo dos médicos especialistas, Agnelo Lucamba, informou que a campanha será assegurada por 22 médicos, todos de nacionalidade angolana, afectos ao hospital Josina Machel, em Luanda.

O lábio leporino é uma separação superior, normalmente logo abaixo do nariz, enquanto a fenda palatina é uma abertura na parte do céu-da-boca (o palato), que causa uma abertura anómala para dentro do nariz.

O lábio leporino e a fenda palatina frequentemente ocorrem ao mesmo tempo, e podem ser diagnosticados ainda durante a gestação.

De acordo com o cirurgião, especialista na área de maxilo-facial, a meta é superar o número de pacientes operados na primeira campanha, realizada em Setembro de 2022, no Josina Machel, que corrigiu com sucesso 153 crianças vindas de vários pontos do país.

Explicou que a cirurgia é rápida, com duração de 45 minutos a uma hora, sendo que, muitas vezes, o paciente pode receber alta médica no mesmo dia.

O especialista realçou que o atendimento não termina com a cirurgia, por existir um trabalho multidisciplinar a posterior, que poderá envolver também especialistas de fonoaudiologia, estomatologistas, otorrino e psicologia, para garantir melhor desenvolvimento do paciente.

A campanha decorrerá durante sete dias sob o lema" Com um rosto saudável, sorriso confiante, auto-estima, inclusão social garantido".

A vice-governadora do Bié, Alcida de Jesus Camatele Sandumbo, apelou à mobilização de mais pessoas com o mesmo problema a nível do território bieno e não só, no sentido de aproveitarem a estadia dos especialistas durante a campanha.

Pacientes optimistas

Os pacientes já cadastrados mostraram-se esperançosos no sucesso da cirurgia, que poderá dar fim ao problema que vivem desde a nascença.

Miguel da Cruz, de 46 anos de idade, da província do Huambo, disse que, por conta da malformação, tem dificuldade em engolir alimentos e, por conta disso, adquiriu vários problemas no estômago, além de outras questões referentes à audição.

Já Luísa Sambo, proveniente da Lunda Norte, levou o filho de cinco anos para corrigir o lábio leporino, e espera por êxito.

Adiantou ainda não entender as razões do filho nascer deformado, uma vez que seguiu as consultas pré-natais.

Josefa Boano, outra progenitora de duas crianças com esse problema, lamenta o bullying que passa o rapaz de 11 anos na escola, cenário que não quer ver repetido no mais novo, de cinco anos.

Natural do Moxico, conta que o menino deixou de ir às aulas, situação que quer ver ultrapassada, com a cirurgia que muito esperava.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2013, esta malformação congénita foi responsável por cerca de três mil mortes em todo o mundo.

Crianças com lábio leporino no Bié, preparadas para cirurgia gratuita de correcção © Fotografia por: Leonardo Castro (Angop)

Fonte: Angop