Tanto a ZANU-PF, de Mnangagwa, quanto a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCM), de Nelson Chamisa, actualizaram as suas fileiras, apresentando candidatos jovens para as eleições legislativas e municipais, para atrair os mais novos.
Na sexta-feira, a Comissão Eleitoral do Zimbabwe (ZEC) realizou uma reunião com observadores e garantiu que não é influenciada pelo Governo, indivíduos ou quaisquer outras organizações, como às vezes é alegado”, segundo Priscilla Chigumba, a presidente, citada pela Efe, antes de acrescentar que a Comissão está "pronta para conduzir as eleições harmonizadas de 2023”, após o registo eleitoral bem-sucedido”.
Um debate pré-eleitoral em Joanesburgo na semana passada contou com representantes de quatro partidos na oposição, que acusaram a ZANU-PF de fomentar a violência e instilar medo entre a oposição. A Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCM) alegou, na semana passada, que um dos seus membros foi apedrejado até à morte por apoiantes da ZANU-PF numa emboscada a caminho de um comício em Harare. As eleições no Zimbabwe são "um desporto radical”, disse por sua vez Mthulisi Hanana, secretário-geral do partido ZAPU, outra formação da oposição.
Na última quarta-feira, a polícia prendeu 40 membros do principal partido de oposição, a CCM, por bloquearem o trânsito e perturbar a ordem durante um evento de campanha na terça-feira, uma semana antes das eleições nacionais.
O "Mukomana” que lidera a oposição no Zimbabwe
Político experiente, com décadas de activismo no currículo, o líder da oposição, Nelson Chamisa, de 45 anos, ainda é conhecido por muitos como "Mukomana” ou "O jovem”. O apelido reflecte a diferença de idade entre o candidato presidencial e o seu principal adversário na votação de hoje, Emmerson Mnangagwa, de 80 anos. Também é usado para evitar pronunciar o nome do político em público, num país onde grupos de direitos humanos dizem que o seu rival desencadeou uma repressão brutal à dissidência.
Advogado e pastor de uma igreja evangélica, Chamisa lidera a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCM), o único partido que tem alguma esperança real de destituir a ZANU-PF, que detém um controlo do poder desde a independência, em 1980. Em 2021, ele foi alvo do que chama de "plano de assassinato” quando tiros foram disparados contra o carro onde seguia. Juntou-se ao opositor Movimento para a Mudança Democrática (MDC), como estudante, quando foi fundado, em 1999, e assumiu a liderança após a morte do mentor: Morgan Tsvangirai, em 2018.
Naquele mesmo ano, Chamisa esteve perto de derrotar Mnangagwa numa eleição apertada, a primeira realizada após a queda de Robert Mugabe. Ele contestou o resultado, mas perdeu na Justiça. No ano passado, Chamisa rompeu com o MDC e criou o CCM, determinado a ter outra chance de garantir o cargo mais alto do país.
Muitos eleitores descontentes com a pobreza generalizada e a inflação galopante apoiam-no, mas ele não tem sido poupado por críticas, mesmo do seu próprio partido. O estilo de liderança centralizada de Chamisa despojou o partido das suas estruturas. Isso está enraizado no temor de que possa ser infiltrado pelo partido no poder.
Fonte: JA