Internacional
23 Agosto de 2023 | 15h57

Emmerson Mnangagwa concorre para a reeleição

Os zimbabweanos vão, hoje, às urnas para eleger os seus futuros dirigentes. Cerca de dois terços dos que irão votar têm menos de 25 anos, de acordo com as Nações Unidas. Muitos votarão pela primeira vez, numa eleição em que o desemprego, estimado por economistas em cerca de 70% no sector formal, é uma das principais preocupações.

O partido governante ZANU-PF, no poder desde a independência em 1980, tem pouca tolerância com a dissidência e foi acusado por grupos de direitos humanos de recorrer à violência, repressão e intimidação para garantir um voto favorável. Emmerson Mnangagwa, que procura um segundo mandato, tem 80 anos e chegou ao poder após um golpe militar em 2017 que depôs o falecido Presidente Robert Mugabe, então com 93 anos. Muitos ainda acreditam que Mnangagwa, que também prometeu mudanças para o Zimbabwe quando foi eleito pela primeira vez em 2018, ainda é o melhor candidato para cumprir essa promessa.

Tanto a ZANU-PF, de  Mnangagwa, quanto a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCM), de Nelson Chamisa, actualizaram as suas fileiras, apresentando candidatos jovens para as eleições legislativas e municipais, para atrair os mais novos.

Na sexta-feira, a Comissão Eleitoral do Zimbabwe (ZEC) realizou uma reunião com observadores e garantiu que não é influenciada pelo Governo, indivíduos ou quaisquer outras organizações, como às vezes é alegado”, segundo Priscilla Chigumba, a presidente, citada pela Efe, antes de acrescentar que a Comissão está "pronta para conduzir as eleições harmonizadas de 2023”, após o registo eleitoral bem-sucedido”.

Um debate pré-eleitoral em Joanesburgo na semana passada contou com representantes de quatro partidos na oposição, que acusaram a ZANU-PF de fomentar a violência e instilar medo entre a oposição. A Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCM) alegou, na semana passada, que um dos seus membros foi apedrejado até à morte por apoiantes da ZANU-PF numa emboscada a caminho de um comício em Harare. As eleições no Zimbabwe são "um desporto radical”, disse por sua vez Mthulisi Hanana, secretário-geral do partido ZAPU, outra formação da oposição.

Na última quarta-feira, a polícia prendeu 40 membros do principal partido de oposição, a CCM, por bloquearem o trânsito e perturbar a ordem durante um evento de campanha na terça-feira, uma semana antes das eleições nacionais.

  O "Mukomana” que lidera a oposição no Zimbabwe

Político experiente, com décadas de activismo no currículo, o líder da oposição, Nelson Chamisa, de 45 anos, ainda é conhecido por muitos como "Mukomana” ou "O jovem”. O apelido reflecte a diferença de idade entre o candidato presidencial e o seu principal adversário na votação de hoje, Emmerson Mnangagwa, de 80 anos. Também é usado para evitar pronunciar o nome do político em público, num país onde  grupos de direitos humanos dizem que o seu rival desencadeou uma repressão brutal à dissidência.

Advogado e pastor de uma igreja evangélica, Chamisa lidera a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCM), o único partido que tem alguma esperança real de destituir a ZANU-PF, que detém um controlo do poder desde a independência, em 1980. Em 2021, ele foi alvo do que chama de "plano de assassinato” quando tiros foram disparados contra o carro onde seguia. Juntou-se ao opositor Movimento para a Mudança Democrática (MDC), como estudante, quando foi fundado, em 1999, e assumiu a liderança após a morte do mentor: Morgan Tsvangirai, em 2018.

Naquele mesmo ano, Chamisa esteve perto de derrotar Mnangagwa numa eleição apertada, a primeira realizada após a queda de Robert Mugabe. Ele contestou o resultado, mas perdeu na Justiça. No ano passado, Chamisa rompeu com o MDC e criou o CCM, determinado a ter outra chance de garantir o cargo mais alto do país.

Muitos eleitores descontentes com a pobreza generalizada e a inflação galopante apoiam-no, mas ele não tem sido poupado por críticas, mesmo do seu próprio partido. O estilo de liderança centralizada de Chamisa despojou o partido das suas estruturas. Isso está enraizado no temor de que possa ser infiltrado pelo partido no poder.

Fonte: JA