A informação foi avançada, ontem pelo porta-voz da Cimeira, Jorge Catarino Cardoso, no final da reunião do Conselho de Ministros, que confirmou a pretensão de Angola apresentar a candidatura. Questionado se as autoridades angolanas tinham solicitado apoio para a sua candidatura junto da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), o diplomata disse ser um assunto ainda inconclusivo. "Só depois de ser apreciada pelos Chefes de Estado, haverá uma decisão (definitiva) sobre o assunto, mas o assunto faz parte da agenda”, referiu.
Ainda no quadro do processo de candidaturas, o também director para a África, Médio Oriente e Assuntos Regionais do Ministério das Relações Exteriores, adiantou que a SADC apresentou um conjunto de candidaturas para as organizações internacionais, quer ao nível da União Africana, quer nas agências das Nações Unidas.
"Este foi o fórum em que os Estados-membros com candidatos vieram solicitar o apoio da Região e neste sentido forjarmos as melhores estratégias diplomáticas para garantir que os nossos candidatos e as nossas candidaturas tenham melhores resultados e não se trata apenas de candidatos individuais”, disse Jorge Cardoso, ao se referir a um dos pontos discutidos na reunião do Conselho de Ministros.
A título de exemplo, apontou o facto de o líder do Parlamento da Tanzânia estar a concorrer para o cargo de presidente da União Inter-Parlamentar (UIP), cuja eleição acontece durante a assembleia a ter lugar em Outubro, em Luanda. A Zâmbia, por sua vez, concorre para o cargo de secretário-geral da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal).
Operações humanitárias e emergenciais
O porta-voz da 43ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC adiantou que, durante o encontro, a ter lugar na próxima quinta-feira, em Luanda, Angola deverá assinar o Memorando que estabelece a operacionalização do Centro Regional de Operações Humanitárias e Emergenciais, com sede em Moçambique. Oito países da SADC já assinaram o referido Memorando, faltando apenas três, incluindo Angola.
Jorge Cardoso disse que o instrumento vai garantir uma actuação concertada e coordenada da SADC em situações de calamidades naturais. "É uma medida de prevenção e gestão de desastres naturais”, disse. O diplomata falou também sobre os esforços para mitigar os riscos de desastres na região. Lembrou que a região tem registado ciclos de chuvas, inundações e estiagem, o que tem provocado uma situação de insegurança alimentar e destruição de importantes infra-estruturas.
Namíbia e África do Sul dão exemplos de paridade
O Conselho de Ministros da SADC avaliou, ontem, o nível de implementação do Protocolo sobre Género e Desenvolvimento na Região, ferramenta que tem servido para a afirmação positiva das mulheres. Neste contexto, o porta-voz da Cimeira da SADC informou que os ministros das Relações Exteriores ou dos Negócios Estrageiros da região reconheceram o desempenho e as políticas que os Estados-membros têm implementado no que diz respeito à paridade do género.
Os chefes das diplomacias, disse, destacaram, como exemplos a seguir, a Namíbia e a África do Sul que conta com uma representação de 55 por cento de mulheres nos órgãos de decisão, incluindo a nível das estruturas executivas. A União Africana insta os Estados-membros a estabelecer uma representatividade de 50 por cento, tendo aqueles dois países ultrapassado cinco pontos percentuais.
De acordo com o relatório apresentado no Conselho de Ministros, Angola está a caminhar para a paridade, estando a representatividade ainda na ordem de 38 por cento, disse Jorge Cardoso.
Homenagem a Julius Niyerere
A SADC está a preparar uma homenagem ao antigo Presidente da Tanzânia Julius Niyerere, para honrar o seu legado e contribuição na luta de libertação da África Austral, adiantou o porta-voz da 43ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização. Jorge Cardoso disse estar a construída uma estátua que será oficialmente descerrada na sede da União Africana, em Addis Abeba, durante a próxima Assembleia de Chefes de Estado e de Governo, a ter lugar em Fevereiro do próximo ano.
Órgão da Troika reúne hoje
No quadro dos preparativos da 43ª Reunião Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da SADC, altos funcionários do órgão da Troika, reúnem-se, hoje, para preparar o relatório sobre a estabilidade política e de segurança na região.
O documento será apreciado amanhã pelos ministros deste organismo da SADC, que tem a responsabilidades de cuidar das questões de Paz, Defesa e Segurança na região.
Ontem, o Conselho de Ministros aprovou o lema da 43ª Cimeira "Capital Humano e Financeiro: principais factores para a industrialização sustentável da região da SADC”.
Na sessão de abertura, o novo presidente do Conselho de Ministros, Téte António, afirmou que a implementação da Agenda de Desenvolvimento e Industrialização da Organização Regional só é possível num contexto de paz e de segurança.
O chefe da diplomacia angolana justificou o posicionamento por considerar a paz, a segurança e a estabilidade pressupostos indispensáveis para o desenvolvimento económico.
No quadro dos novos desafios, Téte António acentuou que os esforços são orientados pela visão estratégica reflectidos na Agenda 2050 da SADC, Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP 2020–2030), Plano Director de Desenvolvimento de Infra-estruturas Regionais (RIDMP), assim como a Estratégia e Roteiro de Industrialização da SADC 2017-2063.
O ministro disse ter sido com base nestas premissas que se escolheu o lema da Cimeira desta quinta-feira.
Fonte: JA