Educação
14 Dezembro de 2022 | 19h30

Sete línguas nacionais bantu podem ser inseridas no ensino

O Ministério da Educação prevê inserir, a partir do próximo ano lectivo, no ensino primário, sete Línguas Nacionais bantu no subsistema de ensino nacional, tão logo que se conclua a formação de professores e a produção de gramáticas, informou, esta terça-feira, em Luanda, a ministra Luísa Grilo.

Em declarações à imprensa, após a abertura da 1ª Conferência Internacional sobre Línguas de Angola no Sistema de Educação e Ensino, Luísa Grilo disse que o Ministério da Educação, em parceria com outras instituições, tudo estão a fazer para que se defina o padrão da língua a ser ensinado aos alunos, tendo em conta a diversidade das variantes que as mesmas apresentam a nível do território nacional.

Para que a inserção das Línguas Bantu no currículo escolar aconteça no próximo ano lectivo, disse ser necessário que os professores estejam munidos de conhecimentos linguísticos e que saibam também ensinar para os alunos.

A ministra disse que não basta falar o Umbundu, Cokwe ou o Kimbundu, para querermos introduzir as Línguas Nacionais no Sistema de Ensino. Realçou ser fundamental para o sucesso a capacitação dos professores e a produção de material didáctico à altura das línguas neo-latinas, por exemplo.

Luísa Grilo referiu que o Ministério da Educação, através do Instituto Nacional de Avaliação e de Desenvolvimento da Educação (INADE) e em co-organização do Instituto de Línguas Nacionais (ILN) e do Ministério da Cultura e Turismo, tudo fizeram para que se realizasse a 1ª Conferência Internacional sobre Línguas de Angola, com o objectivo de partilhar experiências com os especialistas nacionais e estrangeiros.

A problemática das Línguas Bantu no Sistema de Educação e Ensino, disse, vai também proporcionar aos técnicos nacionais presentes na conferência colher subsídios que possam contribuir para a definição de uma estratégia a adoptar no processo de inserção das Línguas Nacionais no currículo, no quadro da transformação da Educação.

A inserção das Línguas Bantu no Subsistema de Ensino Nacional, frisou, enquadra-se na agenda do Estado que visa um conjunto de acções em matéria de desenvolvimento, tendo em vista os compromissos subscritos nas organizações regionais e internacionais, ratificadas por Angola.

A ministra considerou que a Conferência Internacional oferece uma soberana oportunidade para se constituir em um ponto de partida sem recuo para muitos projectos e actividades conjuntas entre os Ministérios da Educação e da Cultura e Turismo em matéria de inserção, utilização e promoção das Línguas de Angola no Sistema de Educação e Ensino, baseadas na investigação e estudos realizados pelas universidades e institutos especializados.

Estes, defendeu, devem pôr-se à disposição para a produção académica que ajude a consolidar, de forma rápida e segura, o ensino das Línguas de Angola como base para um futuro "ensino em Línguas e das Línguas”.

Luísa Grilo referiu que a inserção e utilização escolar das Línguas de Angola no Sistema de Educação e Ensino é um imperativo da Constituição, da Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino e da Transformação Curricular rumo à tão desejada qualidade do ensino. Mas, a qualidade que tanto se almeja, para ser completa, observou, deve incluir, também, o conhecimento local, geralmente expresso nas Línguas de Angola.

Umbundu é a língua nacional mais falada

Segundo o Censo realizado em 2014, em Angola o português é falado por cerca de 71 por cento da população. O Umbundu é a segunda língua mais falada, com 23 por cento, seguido do Kikongo e Kimbundu com cerca de 8 por cento, respectivamente.

Na óptica da ministra da Educação, esses dados devem chamar-nos a atenção para as assimetrias criadas no uso exclusivo da Língua Portuguesa.