Desporto
11 Dezembro de 2022 | 11h22

Marrocos escreve África na lista do Top-4 mundial

A consagração de Marrocos nos quartos-de-final do campeonato do mundo de futebol em Qatar é a epopeia de um sonho de um continente esquecido nas estatísticas da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA). Pela primeira vez na história do futebol mundial, o país do Rei Maomé VI escreve a África no Top-4 da maior reunião futebolística, depois da vitória por 1-0 sobre Portugal de Cristiano Ronaldo.

Este sábado, o Estádio Al Thumama juntou-se ao Estádio Education City na pregação do currículo do futebol de um país africano. Marrocos bateu Portugal com golo de Es-Nesyri aos 42 minutos e provocou sentimentos semelhantes vividos na fase anterior, quando Hakimi marcou o golo de consagração ante a Espanha. A África chorou de alegria.

Marrocos colecciona vitórias ante gigantes do futebol europeu. A fúria dos tetra-netos dos antigos colonizadores da península ibérica provocou dor na alma dos portugueses e de espanhóis: a perda do troféu de um campeonato do mundo de futebol.

A eliminação da competição mexeu com sentimentos de adeptos dos dois gigantes. Detrás desse processo está uma estratégia definida pelo mundo árabe: os países vizinhos uniram-se nos últimos dias para carregar Marrocos à final. Hoje, está a um jogo da concretização.

Em Doha, centenas de milhares de adeptos da Argélia, Arábia Saudita, Jordânia, Tunísia, Síria, Egipto, Líbano, Emirados Árabes Unidos e Qatar abraçaram-se pela causa comum: levar a África ao lugar mais alto do pódio.

Pela importância do jogo, o governo de Marrocos solicitou à FIFA cinco mil bilhetes extras e enviou aviões lotados de Casablanca a Doha, depois de Qatar liberar a Hayya Card, uma exigência para quem visite o país anfitrião do Mundial. O cardápio está à mesa.

 

História do jogo

Marrocos - Portugal foi até ontem o maior jogo da história do país africano. Os adeptos enlouquecidos tinham motivo: a concretização de um conto de fadas. Na quadra de jogo, os marroquinos tinham o apoio de uma claque muito barulhenta. As vaias contra os portugueses eram uníssonas no Estádio.

Marrocos apresentou-se aos portugueses como "tomba gigantes”. Fiel ao modelo de jogo, complicou o aparente domínio da equipa europeia nos primeiros minutos: trancou o meio campo. João Félix levou perigo aos 3, 30 e 38 minutos, mas sem efeito.

Aos 42 minutos, a selecção africana conseguiu uma brecha, quando o guarda-redes Diogo Costa saiu mal na fotografia para defender uma bola área lançada por Attiat-Allah. Es-Nasyri antecipou-se, voou mais alto e de cabeça desviou a bola para o fundo da malha de Portugal. O Estádio Al Thumama caiu.

Portugal respondeu rápido através de Bruno Fernandes e o "tiro” estremeceu o travessão. Era a melhor oportunidade do primeiro tempo.

Em resposta, o defesa marroquino El-Yamiq aproveitou um cruzamento de Ziyech e deparou-se com o guarda-redes Diogo Costa. As ovações no Estádio Al-Thumama já se ouviam. Para a felicidade de Portugal, o marroquino, sem arte e perícia, ofereceu a bola ao tuga.

Accionado no segundo tempo, Cristiano Ronaldo entrou "cínico” até que ao cair do pano do jogo, aos 45 minutos, rematou frouxo para a defesa do guarda-redes Bono. Pepe, de cabeça, fechou os olhos e desviou a bola para fora.

Valeu a CR7 no último jogo em Qatar e num Mundial a soma de 196 internacionalizações pela selecção portuguesa. O número levou-o a constar da restrita lista a par de Bader Al-Murawa, futebolista do Koweit.