Saúde
03 Dezembro de 2022 | 10h25

Médico destaca que o sector primário deveria beneficiar de 70% das despesas do OGE com a saúde

A Academia Angolana de Letras, realizou a primeira conferência do ciclo do mês de Dezembro da série Conversas da Academia à Quinta-feira, foi conferencista o médico Jeremias Agostinho, que dissertou sobre o "impacto das grandes endemias na saúde da população", sob moderação do sociólogo Laurindo Vieira.

Jeremias Agostinho que é médico pediatra, especialista e mestre em saúde pública, realçou haver doenças endémicas negligenciadas em África, América Latina e Sul da Ásia. No caso concreto de Angola, as doenças que causam mais mortes são a malária, turbeculose, SIDA, febre tifóide e tétano. Só a malária é responsável por três quartos das mortes no ano de 2020, registaram-se 13 mil mortes devido a esta doença. Neste momento, morreram de malária 36 pessoas por dia, 60% das quais são crianças com idade até aos 5 anos.
Enquanto a malária está mais presente na Província do Moxico, Cuando Cubango, Bié Cunza-Norte e Uíge, a SIDA atinge sobretudo as províncias fronteiriças da Lunda-Norte, Cunene, Namibe e Cuando-Cubango (para além de Luanda, Benguela, Huambo e Bié). Já a doença do sono está mais presente nas províncias de Luanda e Zaire. Jeremias Agostinho adiantou que "temos doenças relacionadas com a pobreza e o baixo nível de vida das populações", acrescentando que "para além de as cidades angolanas possuírem fossas a transbordar para os arruamentos, que transmitem doenças relacionadas com as fezes (como a cólera, diarreias, febres tifóide, poliomielite e parasitoses), lidamos no dia-a-dia com má alimentação e hábitos negativos".
A drenagem das águas e tratamento dos esgotos devem constituir prioridade. Jeremias Agostinho considerou que, para diminuição do quadro de saúde pública que se vive em Angola, se deve priorizar o investimento no sector primário, que "deveria beneficiar de 70% das despesas do orçamento do Estado com saúde". 
Na próxima conversa da Academia à Quinta-feira, que vai decorrer no dia 8 de Dezembro, a partir das 19 horas, sobre moderação do sociólogo Laurindo Vieira, o também sociólogo Cláudio Tomás falará sobre um tema actual "Kuduro, a estética da escassez".  a participação via Zoom será livre.