Política
24 Novembro de 2022 | 14h58

Executivo promove protecção das minorias

A secretária de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania, Ana Celeste Januário, reafirmou, esta quinta-feira, que o Executivo angolano continuará a promover a protecção das minorias , quer sejam sexuais, étnicas ou linguísticas.

Neste contexto, Angola já introduziu no seu ordenamernto jurídico a crimninalização da discriminação com base na orientação sexual, gênero ou condição social.

A responsável fez este pronunciamento ao discursar na abertura do Fórum Regional  de Magistrados dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) sobre a não discriminação e inclusão de grupos vulneráveis que decorre em Luanda durante dois dias, numa iniciativa do Ministário da Justiça e dos Direitos Humanos, Instituto Nacional de Estudos Judiciais (INEJ) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).  

Na ocasião, Ana Celeste reconheceu que ainda existem vários desafios na legislação angolana, bem como no reforço da capacidade técnica e institucional para a sua efectiva implementação.  

Frisou que se continua a assistir a situações de estigma, discriminação e violência por conta da orientação sexual de muitos cidadãos.

Disse ter conhecimento que em muitos países existem desafios na aplicação de leis protectoras, com vista a promovção a não discriminação e garantir a inclusão de grupos vulneráveis marginalizados.

Por esta razão, segundo a secretária de Estado, o papel dos magistrados nos PALOP é fundamental para assegurar a aplicação de leis contra todo tipo e forma de discriminação, bem como, assegurar a inclusão de todas pessoas.

Sustentou que o poder judicial continua a desempenhar um papel  crucial na protecção  dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos  que tem sofrido discriminação  em virtude da sua orientação sexual, opções políticas, ideológicas  que muitas vezes tem levado a serem marginalizados das sociedades.

"Uma jurisprudência baseada na equidade não só salvaguardaria  os direitos individuais e de grupo, como também contribuiria para a transformação de comportamentos  sociais, no sentido de criar sociedades mais justas e inclusivas”, sublinhou.

Entretanto, a representante residente adjunta  do PNUD, Mamisoa  Rangers, afirmou que dados apontam que 60 por cento dos países da África Oriental, Ocidental, Austral e Central possuem leis que criminalizam o sexo entre pessoas do mesmo sexo.

Frisou que para esta parcela da sociedade a violência, o  tratamento degradante, a exclusão e a discriminação é uma realidade diária, com impacto na sua capacidade de participar  na sociedade numa base de igualdade e ter acessso aos serviços necessários.

No entanto, manifestou-se satisfeita por em nenhum dos PALOP ter estas leis, estando entre os mais tolerantes e com direitos consagrados a certos grupos vulneráveis,numa  pesquisa que englobou 36 países.   

Mimosa Rangers considera o fórum, que decorre na capital angolana, uma oportunidade de espaço seguro para discutir o papel dos juízes e procuradores na promoção do acesso à justiça e discutir como assegurar uma interpretação e aplicação  progressiva das leis para promover os direitos humanos  e a saúde pública das populações vulneráveis.

Dirigido  especificamente aos PALOP este certame surge na sequência do Fórum Regional Africano de Juízes, que se realiza anualmente desde 2014, com apoio do PNUD, para  enfatizar o papel  protector da lei na promoção dos direitos das populações marginalizadas e na redução do número de novas infecções por VIH.

O Fórum Regional Africano de Juízes foi criado como resposta às constatações finais do relatório da Comissão Global sobre o VIH e a lei de 2012 com o título "Riscos, direitos e saúde”.

No evento estão a ser abordadas temáticas como utilização de instrumentos  internacionais e regionais de direitos humanos na tomada de decisões, quadro normativo e legal sobre não discriminação e inclusão  nos países participantes, bem com reflexões sobre o direito penal.

Secretária de estado para os direitos humanos e cidadania, Ana Celeste Januário © Fotografia por: Francisco Miúdo (Angop)

Fonte: Angop