Cultura
17 Setembro de 2022 | 18h12

Agostinho Neto nacional de sentimento de angolanidade e liberdade

A Academia Angolana de Letras realizou nesta quinta-feira, a terceira conferência do ciclo por ocasião do Centenário de Agostinho Neto, inserido na série Conversas da Academia à Quinta-feira, foi conferencista o sociólogo Paulo de Carvalho, que dissertou sobre o “Discurso libertador na poesia de Agostinho Neto”, na presença de académicos de Angola, Arábia Saudita, Brasil, Itália l e Portugal.

Sob moderação do Professor Mário César Lugarinho, da Universidade de São Paulo, o conferencista destacou a dimensão de Neto, tendo em atenção o contexto e a época que lhe permitiram adquirir uma consciência de luta, desde a adolescência.

O Conferencista lembrou a repressão colonial, retratada em vários poemas de Neto. "A colonização reprimiu de forma radical as populações, obrigando-as a assimilar a cultura do colonizador, o que causou sentimento de revolta entre os colonizados. Foi nesse período que Neto cresceu, um período bastante marcado pelo sentimento de angolanidade e pelo desejo do despertar para um amanhã que pretendia de liberdade e harmonia entre os homens”, realçou Paulo de Carvalho.

Durante a sua prelecção, o Presidente da Academia Angolana de Letras referiu que a colonização conduziu à pilhagem do continente, cujos povos não podiam decidir sobre o seu próprio destino. Daí Neto denunciar, na sua poesia, a segregação do africano na sua própria terra.

Por isso o poeta "reclamava a liberdade do povo sofrido de Angola, o mesmo povo onde ele ia buscar a forca e a coragem para a luta. Há por exemplo, poemas em que Neto deixa claro que a luta de libertação precisava de um timoneiro, tendo ele próprio sido depois escolhido para a liderança da luta, culminando com a proclamação da independência”.

Segundo Paulo de Carvalho, o pai-fundador da Pátria angolana tem vincado o desejo de liberdade na sua poesia e nela está também presente a questão filosófica que dá conta da justeza dos princípios da gesta libertadora. Entretanto, "não só sobre luta o poeta cantava, também cantava o amor”, lembrou Paulo de Carvalho.    

Na próxima Conversa da Academia à Quinta-feira, agendada para o dia 22 de Setembro, a partir das 19:30 horas, sob moderação do critico literário Mário César Lugarinho, será conferencista a escritora Inocência Mata, que falará sobre "Ficções da memoria na poesia de Agostinho Neto”.