As relações culturais e literárias entre Angola e Brasil datam de há séculos. "A cultura e as relações culturais de um país como Angola ou como o Brasil são também forjadas pelas imagens que os poetas da modernidade reformulam essas imagens e oferecem outros caminhos no plano das artes”, avançou conferencista da semana.
Autor dos livros "Um lírico dos tempos”, "Compêndios de amor”, "Para quando”, "26 poetas na Belo Horizonte de ontem” e "A casa Comum”, Kaio Carmona lembrou que, do diálogo literário entre Angola e o seu Brasil, dentro do processo de construção da literatura angolana, houve um forte casamento nos meados do século XX com uma literatura brasileira que se manteve assente numa linguagem incisiva.
"E se pensarmos na relação diaspórica, Angola também participou na reconstrução do cânone literário brasileiro, levando-nos a recuperar autores negros e mulheres pobres deixados para trás na nossa história cultural, porque vieram reforçar um processo de inovação da linguagem para aquilo que é hoje o português brasileiro”, destacou Kaio Carmona, mencionou também o projeto "Puxa a Palavra” onde, para além de escritores brasileiros, pontuam os nomes de Pepetela, Lopito Feijóo, Boaventura Cardoso, Ondjaki, João Melo, Amélia da Lomba, Manuel Rui Agualusa e Abreu Paxe,
Participaram na conferência académicos de Angola Brasil, Moçambique e Portugal.
O mês de Setembro será dedicado ao centenário de Agostinho Neto. Na próxima Conversa da Academia à Quinta-feira, agendada para o dia 1 de Setembro, a partir das 19 horas, sob moderação do historiador Patrício Batsíkama, a conferência vai contar também com o escritor António Quino, que vai abordar a "A pátria angolana no olhar de Agostinho Neto”, como tem sido hábito, a participação via Zoom será livre.