Foi moderador do encontro, a Professora Rita Chaves (da Universidade de S. Paulo), os participantes da conferência via Zoom, aberta ao público interessado, recuaram no tempo para ouvir falar da literatura de Uanhenga Xitu, pseudónimo literário de Agostinho André Mendes de Carvalho.
A luta de libertação de Angola, vivida na primeira pessoa por Mendes de Carvalho, está subjacente à obra de Uanhenga Xitu, apesar de não estar aí omnipresente. Washington Nascimento, disse ter começado a estudar o político, o ente libertador (Mendes de Carvalho), para depois estudar o escritor (Uanhenga Xitu). Detalhou ainda que teve dificuldades em separar as duas entidades, tendo identificado elementos que os distinguem a ambos.
O historiador brasileiro, percebeu que Uanhenga Xitu se preocupava com a vida das pessoas comuns e com os universos rurais ou ruralizados. Mas notou que o impacto da vida e da prisão de Mendes de Carvalho no Tarrafal (Cabo Verde) está presente na sua produção literária. Uanhenga Xitu recorre às histórias da infância e da juventude, que também ajudaram Mendes de Carvalho a sobreviver em Tarrafal.
O antropólogo Washington Nascimento esclareceu ainda que "a obra de Uanhenga Xitu incorpora vários elementos culturais, com uma ligação ao sagrado e aos génios da natureza”.
Acrescentou o facto de a literatura de Uanhenga Xitu possuir sonoridade, sendo "Manana” a obra mais musical do autor. Já "O Ministro” é o livro que mis aproxima o escritor do político Mendes de Carvalho, que aqui faz também sociologia quando menciona o racismo e o papel da mulher na sociedade e na política.
Na próxima Conversa da Academia à Quinta-feira, agendada para o dia 25 de Agosto, a partir das 19 horas, sob moderação da Professora Rita Chaves (da Universidade de S. Paulo), o Professor de literatura e escritor Kaio Carmona (de Minas Gerais, Brasil), será o preletor e vai abordar a "A travessia como linguagem: relações literárias entre Angola e Brasil”. Como é habitual, a participação via Zoom será livre.