Sob moderação do escritor António Fonseca, os participantes da conferência que decorreu via Zoom, aberta ao público interessado, tiveram a oportunidade de ouvir o contista e romancista Cornelio Caley, que dá vida ao autor Timóteo Ulika. O escritor começou por identificar como Kaley KaMbalundu, o secretário de Estado do Rei do Bailundo.
A sua inspiração veio do campo,onde nasceu e cresceu- na cultura ovimbundu, a partir da sabedoria dos seus pais e avós.
O escritor, começou a carreira literária com a "A rola de Tchingundu” (198), uma obra prefaciada por António Fonseca, que considera ter sido o seu promotor.
Timóteo Ulika pubicou também "Kandandu” (2000) – Deus da paz, prenúncio da paz. Fala aí do fim da tribo, do fim da raça, da fraternidade e da solidariedade.
Cinco anos depois, publicou "O julgamento do homem”, que é uma sátira uma fábula contada para todas as idades.
O autor que é membro da União dos escritores Angolanos e da Academia Angolana de Letras, publicou ainda três ensaios.
Durante a sua dissertação, Cornélio Caley, afirmou que "o petróleo formou falsas Elites em Angola, de modo que o desenvolvimento deve partir daquilo que somos capazes de produzir”. Ou seja, deve partir "não do petróleo, mas da enxada, da charrua e do trator, que são os instrumentos do nosso desenvolvimento”.
Cornélio Caley considerou ainda que é preciso regressar às nossas tradições e que temos de garantir que as crianças aprendam a ler e a escrever nas suas línguas maternas, "como sucedeu comigo, que aprendi a ler e a escrever em Umbundu”, disse o autor.
Na próxima Conversa da Academia à Quinta-feira, agendada para o dia 4 de Agosto, a partir das 19 horas, sob moderação da investigadora Sónia Jorge, será preletor o Professor José Francisco dos Santos, que falará sobre o "Movimento Afro-Brasileiro pró-Libertação de Angola (MABLA)”. Como tem sido hábito a participação via Zoom estará aberta a todos os interessados.