Mais de 900 mulheres, com dificuldades para amamentar, por motivos diversos, já foram apoiadas pelo Banco de Leite Humano, instalado, há três anos, na Maternidade Lucrécia Paim, em Luanda.
O secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, que prestou, ontem, a informação durante a visita de constatação de uma delegação da Agência Brasileira de Cooperação à Maternidade Lucrécia Paim, disse que o banco tem desenvolvimento um papel preponderante na vida de muitas crianças, com realce para as nascidas de forma prematura.
"O Banco de Leite Humano tem ajudado estas crianças a ganharem peso, de forma correcta e rápida, dando-lhes mais oportunidade de sobrevivência, principalmente, nos primeiros meses de suas vidas”, realçou.
Dada a importância do Banco de Leite Humano, o Ministério da Saúde (MINSA) vai apoiar a referida instituição de forma institucional, no que toca à gestão dos recursos humanos, por ser uma unidade ainda não orçamentada.
O secretário de Estado para a Saúde Pública realçou que o MINSA vai, também, apoiar o Banco de Leite Humano com reagentes e outros insumos que a unidade precisa, visando a melhoria qualitativa dos trabalhos prestados às crianças.
Franco Mufinda explicou que, depois de visitar a área de neonatologia da Maternidade Lucrécia Paim, constatou-se que, do total de crianças nascidas ali, cerca de 50 por cento são prematuras e necessitam dos serviços prestados pelo Banco de Leite Humano, uma realidade que se vive em outras unidades materno-infantiis do país.
Por isso, o responsável defendeu a necessidade urgente de se expandir os serviços prestados pelo Banco de Leite Humano, inicialmente, a nível da capital do país e, posteriormente, às demais províncias, para que mais crianças possam se beneficiar do leite materno.
Tendo em conta essa necessidade, o responsável ministerial anunciou que, com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação, em breve, vai ser instalado um Banco de Leite Humano, no Hospital Geral de Luanda, de forma apoiar as mães com dificuldades de amamentação que residam nas zonas circunvizinhas.
Serviço chega à Huíla
No próximo ano, um Banco de Leite Humano vai ser, igualmente, instalado na Maternidade Provincial da Huíla, depois da conclusão das obras de reabilitação da unidade.
Franco Mufinda acrescentou que todo este processo está a ser feito para ajudar as mães com dificuldades de amamentação e para a redução da taxa de mortalidade infantil naquela região do país.
Para materializar essa intenção de expansão, o projecto conta com o apoio da Agência de Cooperação Brasileira, como garantiu o director dessa instituição, Rui Pereira.
O responsável esclareceu que o Banco de Leite Humano em Angola faz parte da chamada Rede Global de Banco de Leite Humano, que é gerida a partir do Rio de Janeiro, em colaboração com outros bancos de leite existentes em cerca de 20 de países da África, América Latina e do Caribe.
O director da Agência de Cooperação Brasileira realçou que investir num Banco de Leite Humano é muito rentável na relação custo/benefício, tendo em conta que "cada dólar que se investe agora na criação desta unidade, são vários dólares que se economizam mais tarde, em sistema de saúde público”.
Explicou que o leite materno protege crianças contra várias doenças e reduz, significativamente, a taxa de mortalidade infantil. Por isso, Rui Ferreira garantiu que Agência Brasileira de Cooperação vai continuar a apoiar o Governo angolano na expansão de bancos de leite a nível de todas as províncias.
Faltam recursos humanos
A coordenadora do projecto do Banco de Leite de Angola, Elisa Gaspar, agradeceu a visita da delegação brasileira à Maternidade Lucrécia Paim, onde está instalado o primeiro Banco de Leite Humano, realçando a importância do gesto da Agência Brasileira de Cooperação.
A actual bastonária da Ordem dos Médicos frisou que o Banco de Leite Humano em Angola, apesar de funcionar apenas há três anos, começou a dar os primeiros passos da criação em 2011.
Elisa Gaspar realçou que, neste momento, as principais dificuldades do banco se prendem com a falta de recursos humanos, numa altura em que a unidade conta apenas com três dos 25 profissionais formados.
"Infelizmente, todas essas são senhoras e grávidas, agora. Imaginem que quando lhes for dada a licença de maternidade, apenas vamos contar com um funcionário, o que criará muitas dificuldades para a unidade funcionar e atender a área de neonatologia”, realçou.
Actualmente, segundo a coordenadora, o Banco de Leite Humano conta com mil dadoras, sendo 700 mulheres bombeiras e 300 civis. Porém, apelou para a adesão de mais senhoras, por se tratar de uma fase em que o stock de leite está muito baixo. "Temos de fazer muito esforço, para continuar a abastecer o leite ao berçário”.
Fonte: JA