Cultura
29 Maio de 2022 | 19h05

Importância das diásporas africanas pelo mundo debatida em mesa redonda

A Academia Angolana de Letras realizou na passada quinta-feira, mais uma Conversa à Quinta-Feira, desta vez por ocasião do Dia de África assinalado a 25 do corrente.

Numa conversa expansiva, que decorreu sob o tema: De África para as Áfricas diásporizadas do mundo, o encontro contou com a participação de individualidades da vida académica e renomados investigadores de Angola, EUA, Brasil, Itália e Portugal.
A conferencista Patrícia Silva à quem coube a responsabilidade de iniciar a dissertação do tema, destacou na sua intervenção as diferenças fundamentais entre a diáspora africana constituída pelos descendentes de populações escravizadas, levadas à força para a América, com a mais recente diáspora, que por várias razões, migrou voluntariamente e estabeleceu-se nos Estados Unidos da América e em outras regiões.
"Nos dois casos, as desigualdades sistémicas e bastante persistentes manifestam-se de várias formas, como leis que não são inclusivas, até nas barreiras sócio-culturais que impendem os afrodescendentes de se realizarem conforme as respectivas essências”, referiu a também norte-americana Patrícia Silva.
Já a brasileira Silvany Euclênio falou da sua experiencia no trabalho com as comunidades no Brasil, onde a maioria da população negra, pelas dificuldades e violência que enfrenta frequentemente, desenvolveu um forte processo de união e solidariedade, cuidando-se entre si, como forma de sobrevivência.
"Procuramos preservar ou recuperar na favela, o DNA cultural das comunidades tradicionais de matriz africana; preservar os valores como as relações de solidariedade e de ajuda mútua, valores estes adquiridos durante o período de escravidão” realçou a professora, historiadora, e activista brasileira, Silvany Euclênio.
Para finalizar o debate, a académica Inocência da Mata deu ênfase ao importante serviço da diáspora africana para sua afirmação, lembrando que é necessário estender esta missão às escolas, no sentido de se valorizar o contributo da África diásporizada para a construção da Europa, particularmente de Portugal.
Para ela "há um discurso nas academias que precisa de ser desconstruído, nomeadamente o que visa a construção de um conhecimento desvalorizando África e os africanos, sobretudo o nosso direito de pertença”, finalizou a catedrática de Literatura.
Na próxima Conversa à Quinta-Feira, agendada para o próximo dia 02 de Junho, a AAL traz a debate a Ação do Corpo Voluntário Angolano de Assistência aos refugiados. A participação será aberta ao público, e os interessados deverão aceder via ZOOM ao ID: 698576385 com a senha AAL2022.





Autor: Leda Dombaxi

Fonte: TPA Multimédia