Cultura
17 Maio de 2022 | 09h56

Arquitectura e musseques de Luanda analisados em debate

Criadores e arquitectos angolanos e italianos debateram as potencialidades do design como ferramenta e ponte que une funcionalidade e bem-estar, num seminário realizado em Luanda, para assinalar o 12 de Maio, “Dia do Design Italiano”.

Nessa sexta edição, realizada sob o tema "Regeneração do território, design e novas tecnologias para um futuro sustentável”, o embaixador da Itália em Angola, Cristiano Gallo, considerou o design como uma disciplina de base técnico-científica e humanística, capaz de contribuir para repensar o futuro.

Para o diplomata, através do design é possível prestar atenção às responsabilidades ambientais, sociais, económicas e culturais, desenhando uma nova relação entre projecto, objecto criativo, ciclo de produção e distribuição.

O seminário decorreu na Universidade Católica e teve as intervenções dos arquitectos angolanos Jair Traça e Edson Melo, e da designer italiana Giulia Damiani, que apresentou o tema "O designer como facilitador de processos participativos, entre co-design, valorização da cultura local para o desenvolvimento sustentável dos territórios”.

O arquitecto angolano Jair Traça falou sobre "O Centro Histórico como papel fundamental para o desenvolvimento turístico e cultural do município de Moçâmedes”, enquanto Edson Melo apresentou o tema "Morfologia Urbana - O informal na composição do Musseque”.

O encontro, testemunhado pelo secretário de Estado para o Ordenamento do Território, Manuel Molares D’Abril, contou com a participação dos estudantes de arquitectura e alguns professores, da Universidade Agostinho Neto. "O seminário constitui uma excelente oportunidade para troca de conhecimentos”, disse Manuel Molares D’Abril.

O professor de Arquitectura e Urbanismo, Basílio de Murta, um dos convidados, adiantou que o seminário permitiu aos estudantes perceber a importância do arquitecto na criação de espaços para o homem. "Eventos como esses são de capital importância para percebermos que arquitectos jovens conseguem mostrar até onde podem contribuir para o desenvolvimento do país”, referiu.

Os estudantes, disse, saíram com novos conceitos sobre o papel do profissional de arquitectura e a importância dos espaços para o bem-estar das pessoas. "Os estudantes foram ainda esclarecidos sobre a importância da cultura na estruturação do espaço”.

 

Oradores

O arquitecto Edson Melo destacou que o tema "Morfologia Urbana - O informal na composição do Musseque” permite ter uma visão do mapa da cidade, de como ela está a expandir -se e  desenvolver.

"Os arquitectos devem olhar para a cidade e ter o sentimento de pertença, criando o dever de poder contribuir e alertar às instituições de direito sobre a importância de dar maior atenção ao ponto de vista urbanístico”, disse.

Com o tema, adiantou, foi possível os participantes terem uma ideia de como surgem os musseques e quais são as suas principais interferências culturais e sociais que afectam  esse meio suburbano.

Edson Melo informou que existem diversos factores para o surgimento dos musseques em Luanda, sendo os principais designados por "elementos âncoras”, como o novo aeroporto, as novas centralidades, a via expressa e as grandes fábricas. "Mudanças que diferenciam em cada época, pois antes eram os rios e as zonas aráveis os factores chaves. Hoje, não, as pessoas vêem uma centralidade urbana como um oásis, têm apetência de se instalar próximo por que é uma área onde podem prestar serviços, através de empregos imediatos”, destacou.

Por sua vez, o arquitecto Jair Traça afirmou que o tema apresentado por si, "O Centro Histórico como papel fundamental para o desenvolvimento turístico e cultural do município de Moçâmedes”, é o resultado de uma pesquisa sobre a regeneração dos centros históricos, enquanto motores de desenvolvimento das comunidades.

O turismo, defendeu, é uma das soluções para o desenvolvimento das comunidades, "por atrair mais pessoas para pontos turísticos e históricos de cidades antigas como Moçâmedes”.

Fonte: JA