A cidade de Mbanza Kongo, Património da Humanidade, vai contar, no decorrer do ano, com um plano urbanístico e uma estratégia de gestão do turismo, no âmbito das recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), disse, ontem, ao Jornal de Angola, o chefe da Área Administrativa e Técnica do Comité de Gestão Participativa do Centro Histórico de Mbanza Kongo, André Nlandu.
Os dois projectos, esclareceu, estão enquadrados nas recomendações dadas
pela Unesco, aquando da inscrição da cidade como Património da
Humanidade, em 2017, e ficaram por implementar por envolver altos
recursos financeiros.
O plano urbanístico de Mbanza Kongo,
explicou, consiste em determinar os critérios de ocupação de espaços
para a construção de novas infra-estruturas, para evitar choques com as
proibições da UNESCO, factores imprescindíveis para a preservação do
estatuto de Património da Humanidade.
"É um plano que vai
determinar como Mbanza Kongo pode ser ocupado em termos de espaços e de
construções, assim como em quais zonas poderão ser erguidas as várias
infra-estruturas a serem feitas em certos locais do projecto,
actualmente em andamento”, informou.
Quanto ao cumprimento das nove
recomendações da Unesco de 2017, André Nlandu adiantou que apenas o
plano urbanístico e a elaboração de uma estratégia do turismo ficaram
por cumprir, mas os trabalhos para o efeito estão bastante avançados.
"Neste
momento, temos apenas duas recomendações por cumprir, nomeadamente a
conclusão do plano urbanístico de Mbanza Kongo e a elaboração de uma
estratégia de gestão do turismo, contudo os trabalhos estão muito
avançados e este ano acreditamos cumprir com as duas recomendações”,
acrescentou André Nlandu.
A crise económica e financeira,
agravada pela pandemia da Covid-19, que o país e o mundo enfrentam,
lamentou, foram os principais factores que inviabilizaram o cumprimento
de tais recomendações. "As recomendações não foram concluídas, porque
são projectos que envolvem elevados recursos financeiros e não só. No
caso do plano urbanístico de Mbanza Kongo foi aceite uma proposta, já
apresentada à comunidade local e no momento aguarda pela promulgação”,
disse.
Em relação ao arranque das obras de construção do novo
aeroporto, André Nlandu disse que estão criadas as condições para a
continuação dos trabalhos de prospecção e escavação arqueológicas no
local onde está a actual infra-estrutura aeroportuária. "Como sabemos, a
área onde se encontra o actual aeroporto de Mbanza Kongo é arqueológica
e conserva alguns vestígios, mas graças a suspensão dos serviços
podemos, em breve, ver outros vestígios da capital do antigo reino do
Kongo, ainda desconhecidos”, reforçou.
Novo plano
Quatro
anos depois da elevação da cidade de Mbanza Kongo à categoria de
Património da Humanidade, os peritos da UNESCO e do Ministério da
Cultura nacional, trabalharam, nos últimos meses, na região, para a
elaboração de um novo plano de gestão (2022-2026).
"O actual
plano de gestão - 2016/2020 - findou o seu prazo temporal, neste sentido
era urgente elaborar um novo para o período de 2022/2026. Para tal,
tivemos o apoio dos parceiros nacionais e internacionais e foi criado um
comité de redacção do novo plano, que levou os peritos da Unesco, do
Ministério da Cultura e do Comité de Gestão Participativa do Centro
Histórico de Mbanza Kongo a unirem esforços. Por isso, até ao final do
primeiro semestre deste ano, poderemos ter já o novo plano de gestão
concluído”, avançou.
Quanto à avaliação feita pelos peritos da
UNESCO, André Nlandu disse ter sido positiva, pelo facto de, em quatro
anos, o Governo angolano ter cumprido com grande parte das
recomendações, dadas aquando da elevação da cidade à Património da
Humanidade. "Desde a inscrição de Mbanza Kongo foram realizadas acções
diversas para a sua conservação, protecção e valorização”, frisou.
Entre
as acções realizadas, André Nlandu destacou, ainda, a melhoria da via
de acesso às ruínas do Kulumbimbi, a colocação de postos de iluminação
em todos o centro histórico, a manutenção das infra-estruturas culturais
e a renovação de algumas pinturas.
"No domínio da conservação,
foram feitos trabalhos para manter o projecto ‘Mbanza Kongo - Cidade a
desenterrar para preservar’, como escavações, durante as quais
desenterrou-se vestígios arqueológicos, conservados pelo Comité de
Gestão Participativa do Centro Histórico de Mbanza Kongo. As ossadas e
peças de cerâmica encontradas têm beneficiado de trabalhos de
manutenção”.
Festival de Gastronomia em perspectiva
A
realização nos próximos tempos de um festival de gastronomia
internacional, com o objectivo de expor uma variedade de pratos e
preparar a juventude local, em matéria de turismo cultural, está entre
as prioridades da agenda de trabalho, para este ano, do Comité de Gestão
participativa do Centro Histórico de Mbanza Kongo.
O chefe do
Gabinete Técnico do Comité do Centro Histórico de Mbanza Kongo adiantou
que, a par da realização do FestiKongo, está a ser ponderada a criação
de um festival de gastronomia, capaz de envolver, directa ou
indirectamente, a juventude.
"Neste festival de gastronomia,
poderemos ter, também, a exposição de vários pratos, alguns típicos da
cidade de Mbanza Kongo e de outros pontos do país. É igualmente uma
oportunidade para a juventude local se enquadrar neste novo desafio de
tornar Mbanza Kongo numa zona turística e beneficiar, directa ou
indirectamente, dos resultados”, perspectivou.
André Nlandu não
especificou o período para a implementação do festival, mas disse que já
começaram a formar os jovens, em especial quanto à melhoria da
qualidade dos serviços prestados e de algumas receitas de culinária.
"A
formação dos jovens tem sido contínua. Recentemente, houve um Fórum
Provincial do Turismo, que visou capacitar os operadores deste sector,
com foco na melhoria dos serviços prestados aos clientes”, disse.
Fonte: JA