COVID-19
15 Setembro de 2021 | 11h49

Há vacinas mas a situação parece pior que há um ano

O avanço da vacinação - com os números a aproximarem dos 85 por cento, fasquia para o desconfinamento total - tem criado a percepção de que actualmente, em Portugal, a situação pandémica é melhor do que a de há um ano.

A verdade crua dos números mostra, porém, o contrário: nos quatro mais importantes indicadores, Portugal está hoje pior do que Setembro de 2020.
O Diário de Notícias comparou os números específicos relativos a 9 de Setembro: nesse dia, em 2020, morriam três pessoas; agora morreram dez. O número de novos infectados por dia era de 646; agora é mais do dobro (1408). O número de pessoas internadas era de 392 e agora é 569; e as pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos são mais do que o dobro; 52 contra 118.

Estes dados objectivamente desmentem a tese que o avanço da vacinação fez melhorar a situação pandémica: morre-se mais, há mais novos infectados por dia, maior pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS). O que o avanço da vacinação então poderá eventualmente determinar é que, quando o Inverno chegar, a pandemia não terá a progressão absolutamente alucinante que aconteceu no início deste ano, muito por culpa do desconfinamento especial determinado pelo Governo no Natal. Os dias 28 e 31 de Janeiro foram os piores da pandemia em Portugal: 303 mortos em cada um desses dias. Este é um cenário que nenhum perito em Portugal prevê que se repita.


Setembro

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) divulgaram o chamado relatório das "linhas vermelhas". Portugal regista uma situação pandémica de Covid-19 de "moderada intensidade", mas com uma tendência decrescente em todo o país e na pressão sobre os serviços de saúde.

"A análise dos diferentes indicadores revela uma actividade epidémica de infecção por SARS-CoV-2 de moderada intensidade, com tendência decrescente a nível nacional, assim como na pressão sobre os serviços de saúde e na mortalidade por Covid-19", refere o documento.

Segundo o relatório, o número de novas infecções por cem mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 231 casos e apenas o Algarve regista uma incidência superior ao limiar de 480.
O grupo das pessoas entre os 20 a 29 anos apresenta o valor mais elevado neste indicador, com 479 casos, mas também a diminuir, e a faixa etária dos idosos com 80 ou mais anos registou uma incidência cumulativa a 14 dias de 116 casos por cem mil habitantes, o que "reflecte um risco de infecção inferior ao risco da população em geral, com tendência decrescente".

Relativamente aos serviços de saúde, o número de pessoas com Covid-19 internadas em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente está a decrescer, correspondendo a metade do valor crítico definido de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior era de 55%.
Na quarta-feira, estavam em UCI 127 doentes, adianta o relatório, que avança ainda que a proporção de testes positivos foi de 3,1 por cento, encontrando-se abaixo do limiar definido de quatro por cento.

No que se refere à mortalidade atribuída à Covid-19, apresenta também uma "tendência estável decrescente", com 14,1 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um decréscimo de 03% relativamente à semana anterior. Este valor é inferior ao limiar de vinte óbitos definidos pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).


OBRIGAÇÃO DUROU 318 DIAS

Máscara na rua deixa de ser obrigatória

O uso de máscara no exterior, em Portugal, deixou, ontem, de ser obrigatório, mas a Direcção-Geral da Saúde (DGS) recomenda o seu uso em algumas situações, como aglomerações, quando não é possível manter a distância física e por pessoas vulneráveis.

Esta obrigação durou, no total, 318 dias, desde a aprovação da lei, em 28 de Outubro de 2020, em plena pandemia de Covid-19, e foi sendo sucessivamente renovada pelo Parlamento, o que não acontecerá agora.

Numa orientação sobre a utilização da máscara, que passa a ser facultativa no exterior e recomendada em algumas situações, para prevenir a Covid-19, a DGS aconselha o seu uso "quando é previsível a ocorrência de aglomerados populacionais ou sempre que não seja possível manter o distanciamento físico recomendado".

A DGS recomenda ainda a sua utilização na rua por "pessoas mais vulneráveis", nomeadamente, "com doenças crónicas ou estados de imunossupressão com risco acrescido para a Covid-19 grave", sempre que "circulem fora do local de residência ou permanência habitual".

Na orientação, a DGS reitera que o uso de máscara "é uma medida eficaz na prevenção da transmissão de SARS-CoV-2", frisando que, apesar do fim da obrigatoriedade da sua utilização no exterior, o porte desta "continua a ser uma importante medida de contenção da infecção, sobretudo em ambientes e populações com maior risco".

O uso da máscara continuará a ser obrigatório "nos estabelecimentos de educação, ensino e creches", em "espaços e estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços", nos "edifícios públicos ou de uso público", nas "salas de espetáculo, cinemas ou similares", nos "transportes colectivos de passageiros" e "em locais de trabalho, sempre que não seja possível o distanciamento físico".

O porte da máscara vai continuar a ser obrigatório também nos "estabelecimentos residenciais para pessoas idosas (ERPI), unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e outras estruturas e respostas residenciais para crianças, jovens e pessoas com deficiência, requerentes e beneficiários de protecção internacional e acolhimento de vítimas de violência doméstica e tráfico de seres humanos".

É ainda obrigatório o uso de máscara por pessoas "com infecção por SARS-CoV-2 ou com sintomas sugestivos" da doença e por pessoas consideradas "contacto de um caso confirmado de Covid-19", excepto quando se encontrarem sozinhas "no seu local de isolamento".

Fonte: JA