Celebra-se, hoje, o Dia Mundial da Alfabetização, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que lembra a condição de milhões de pessoas em todo o mundo que vivem ainda sob as amarras do analfabetismo.
Segundo a maior tribuna política e diplomática mundial, estima-se que existam quase 800 milhões de adultos no mundo que não sabem ler, escrever ou contar, uma realidade que afecta, com maior incidência, as regiões mais pobres do planeta.
Apenas para se ter uma ideia, nove entre dez países com as maiores taxas de analfabetismo em todo mundo encontram-se em África, embora nenhum deles se encontre localizado aqui na África Austral.
É verdade que os fenómenos que ocorreram no continente, ao longo de séculos, tais como a escravatura, o colonialismo, ao lado das guerras e conflitos armados, acabaram por condicionar os passos na direcção da alfabetização das populações africanas.
Hoje, muitos países africanos estão a procurar resolver problemas herdados, tal como ocorre com a luta para esbater o analfabetismo e erradicá-lo nas sociedades africanas.
Como sabemos, o analfabetismo, tal como a experiência tem demonstrado, é um entrave ao desenvolvimento que não se pode negligenciar, sob pena do futuro do país ficar, cada vez mais, adiado.
Contrariamente à ideia de que a manutenção dos povos na ignorância ajuda melhor nas estratégias de subjugação, uma táctica muito usada pelas autoridades coloniais e, lamentavelmente, por algumas elites africanas pouco depois do chamado "ano das independências", em 1960, as perdas são desproporcionais aos ganhos.
Todas as tentativas de manter povos inteiros "amarrados" ao fenómeno do analfabetismo, mesmo que aparentemente duradouras, acabaram sempre por produzir efeitos danosos, algumas vezes irreparáveis em muitas sociedades. Felizmente, hoje, a maioria dos países africanos, mesmo nas condições em que se estruturam os Estados, parece ter despertado para a necessidade de se combater o analfabetismo. Hoje, é inegavelmente grande a consciência de que quanto menos se combate o fenómeno da iliteracia mais subdesenvolvimento se está a promover.
Diz a ONU que "o processo da aprendizagem de ler e escrever (alfabetização) está directamente relacionado com o desenvolvimento de um país, conforme indicam pesquisas na área. Quanto mais pessoas analfabetas, menor é o índice de desenvolvimento".
Em Angola, a luta contra o analfabetismo tem quase os mesmos anos de existência do Estado, proclamado no dia 11 de Novembro de 1975, sob a histórica iniciativa do primeiro Presidente António Agostinho Neto.
Em 1976, numa altura em que o país contava com um índice de analfabetismo da população economicamente activa estimado em 85 por cento, o Presidente Neto fez uma aposta que foi dada continuidade e que hoje nos permite dizer que, felizmente, foi possível alfabetizar mais de metade da população angolana.
Há ainda um grande esforço, mas não há dúvidas de que com muita dedicação, resiliência e devoção por parte dos alfabetizadores e dos alfabetizandos poderá levar Angola a erradicar este mal nos próximos anos.
Fonte: JA