A variante Delta, predominante na segunda vaga de infecções pelo novo coronavírus na Índia, foi detectada em 14 países africanos e está a impulsionar uma terceira vaga de infecções por Covid-19 no continente, alertou ontem a OMS.
"Uma mistura de fadiga e novas variantes está a impulsionar esta
onda. A variante Delta, que dominou a segunda vaga da Índia, foi
reportada em 14 países e detectada na maioria das amostras sequenciadas
no último mês na República Democrática do Congo (RDC) e no Uganda",
disse a directora regional para África da Organização Mundial de Saúde
(OMS).
Matshidiso Moeti, que falava a partir de Brazzaville, na
conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia de Covid-19
no continente, lembrou que a Covid-19 já causou quase 140 mil mortes em
África, que regista mais de 5,3 milhões de casos de infecção pelo novo
coronavírus.
"A terceira vaga está a ganhar velocidade,
espalhando-se mais rapidamente, e atingindo (os países) com mais força",
afirmou, considerando o actual cenário "incrivelmente preocupante".
"Com
o rápido aumento do número de casos e de relatos de doenças graves,
esta nova vaga ameaça ser a pior de África até agora", alertou.
A
responsável da OMS considerou que "África ainda pode atenuar o impacto
destas infecções em rápido crescimento", mas, advertiu, "a janela de
oportunidade está a fechar-se".
Neste sentido, sublinhou o apelo
urgente para acelerar a vacinação e a necessidade de as populações
continuarem a manter medidas de saúde pública que evitem a propagação da
doença.
"África precisa urgentemente de mais milhões de vacinas.
Precisamos de um 'sprint', não de uma maratona, para proteger
rapidamente aqueles que enfrentam os maiores riscos. Os casos de
Covid-19 estão a ultrapassar as vacinações, deixando cada vez mais
pessoas perigosamente expostas", frisou.
Matshidiso Moeti criticou os
países que estão a dispensar os períodos de quarentena a quem tem
certificado de vacinação, considerando que tal irá acentuar as
desigualdades.
"Pelo menos 16 países estão a renunciar à
quarentena para aqueles que possuem um certificado de vacinação. Embora
seja importante proteger as fronteiras e impedir a propagação da
Covid-19, deve ser equitativo. Os africanos não devem enfrentar mais
restrições porque não podem ter acesso às vacinas", advogou.
"Fazer
da prova de vacinação um pré-requisito para as viagens pode aprofundar
as desigualdades, particularmente enquanto as vacinas continuarem com
tão escasso fornecimento", sublinhou.