Sociedade
05 Maio de 2021 | 10h29

Governo vai rever critérios para legalizar igrejas no país

O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente defendeu, ontem, em Luanda, a revisão aos critérios para o credenciamento de novas confissões religiosas.

Jomo Fortunato, que falava no final de um encontro com representantes de 18 instituições religiosas, não especificou que critérios seriam, mas disse que se pretende evitar a legalização de confissões religiosas cujas práticas são contrárias à convivência salutar entre os angolanos. Com isso, disse, vai evitar-se o surgimento de igrejas cujas doutrinas contribuem para a desestruturação das famílias.

"A melhoria dos critérios usados pelo Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR) no reconhecimento de confissões religiosas vai permitir a existência de igrejas cujas acções reflectem as boas práticas na sociedade”, garantiu.

A intenção, disse, é evitar a implementação, nas comunidades, de igrejas que incentivam práticas como acusações de feitiçaria, entre outras acções maléficas, que contribuem para a separação familiar e mudança de comportamentos.Jomo Fortunato realçou que os critérios doutrinários e dos dogmas têm que ser revistos, porque há "práticas não muito boas” e questões muito sensíveis para a sociedade "que têm que ser vistas com maior acuidade”.

"Com um estudo muito mais apurado dessas questões nós teremos uma igreja mais sadia, porque chegamos à conclusão que os critérios do INAR têm que ser melhorados e temos que receber aconselhamento dos mais velhos em relação aos critérios de reconhecimento das igrejas”, defendeu."Com um melhor trabalho de reconhecimento dos critérios pelos quais as igrejas são reconhecidas, nós teremos melhores igrejas e acto contínuo teremos uma melhor sociedade”, acrescentou.

O governante avançou que brevemente será realizada uma reunião com o INAR para se colocar em prática "a opinião dos mais velhos das igrejas” que recebeu.No encontro foi abordada a parceria entre o Executivo e as igrejas, o reforço da aproximação institucional, o papel das igrejas em tempo da pandemia da Covid-19 e breve informação sobre o processo de reconhecimento de confissões religiosas.

O ministro referiu que este tipo de encontros deve ser permanente e que o diálogo entre o Estado e as igrejas seja contínuo. "É um encontro que eu achei pertinente, porque compreender as igrejas, os seus dogmas, as suas doutrinas, a sua liturgia, significa, também, perceber o tecido social angolano”, disse.De acordo com dados do Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (INAR), Angola tem 81 igrejas reconhecidas e 97 por reconhecer, das quais 16 têm em curso o processo de reconhecimento pelo Estado, havendo ainda perto de 3.000 confissões religiosas ilegais no país.Durante o encontro, os problemas de natureza social dominaram as preocupações apresentadas pelas igrejas participantes, destacando-se as áreas da educação e combate à pobreza.

"Temos tido o contributo das igrejas em locais recônditos, locais em que às vezes o Estado não chega e a igreja chega primeiro, julgo ser inteligente esta aproximação do Estado às igrejas, por forma a resolver os problemas sociais junto das populações”, salientou Jomo Fortunato, recomendando união na solução dos grandes problemas sociais que afligem o povo.

  Conflitos devem ser dirimidos com diálogo

Os conflitos internos nas congregações religiosas devem ser dirimidos com a adopção de medidas equilibradas e diálogo permanente, defendeu, ontem, em Luanda, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente.Ao falar durante um encontro com líderes religiosos, Jomo Fortunato disse que a resolução dos conflitos internos das igrejas exige diálogo, senso comum e sabedoria, com base na boa convivência.

Garantiu que o Estado vai procurar manter o diálogo permanente com as igrejas como o melhor caminho para os problemas sociais, destacando o importante papel na socialização da sociedade.A líder da Igreja Teosófica Espírita, profetiza Suzete João, destacou o apoio do Estado às causas solidárias da Igreja e o seu contributo na resolução dos problemas sociais do país.

"A Igreja vai continuar a trabalhar na sensibilização, educação e na moralização da sociedade, e apoiar as comunidades com material de biossegurança, cestas básicas e máscaras”, garantiu.O bispo da Igreja Tocoísta, D. Afonso Nunes, considerou que o encontro serviu, principalmente, para os líderes religiosos apresentarem as suas inquietações e encontrarem, com o Governo, soluções para os problemas sociais.Para D. Afonso Nunes, reuniões do género devem ser permanentes, para que o Governo possa perceber o tecido social angolano e compreender as grandes inquietações da Igreja.

Fonte: JA