O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente defendeu, ontem, em Luanda, a revisão aos critérios para o credenciamento de novas confissões religiosas.
Jomo Fortunato, que falava no final de um encontro com representantes de
18 instituições religiosas, não especificou que critérios seriam, mas
disse que se pretende evitar a legalização de confissões religiosas
cujas práticas são contrárias à convivência salutar entre os angolanos.
Com isso, disse, vai evitar-se o surgimento de igrejas cujas doutrinas
contribuem para a desestruturação das famílias.
"A melhoria dos
critérios usados pelo Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR)
no reconhecimento de confissões religiosas vai permitir a existência de
igrejas cujas acções reflectem as boas práticas na sociedade”, garantiu.
A
intenção, disse, é evitar a implementação, nas comunidades, de igrejas
que incentivam práticas como acusações de feitiçaria, entre outras
acções maléficas, que contribuem para a separação familiar e mudança de
comportamentos.Jomo Fortunato realçou que os critérios doutrinários e
dos dogmas têm que ser revistos, porque há "práticas não muito boas” e
questões muito sensíveis para a sociedade "que têm que ser vistas com
maior acuidade”.
"Com um estudo muito mais apurado dessas
questões nós teremos uma igreja mais sadia, porque chegamos à conclusão
que os critérios do INAR têm que ser melhorados e temos que receber
aconselhamento dos mais velhos em relação aos critérios de
reconhecimento das igrejas”, defendeu."Com um melhor trabalho de
reconhecimento dos critérios pelos quais as igrejas são reconhecidas,
nós teremos melhores igrejas e acto contínuo teremos uma melhor
sociedade”, acrescentou.
O governante avançou que brevemente será
realizada uma reunião com o INAR para se colocar em prática "a opinião
dos mais velhos das igrejas” que recebeu.No encontro foi abordada a
parceria entre o Executivo e as igrejas, o reforço da aproximação
institucional, o papel das igrejas em tempo da pandemia da Covid-19 e
breve informação sobre o processo de reconhecimento de confissões
religiosas.
O ministro referiu que este tipo de encontros deve
ser permanente e que o diálogo entre o Estado e as igrejas seja
contínuo. "É um encontro que eu achei pertinente, porque compreender as
igrejas, os seus dogmas, as suas doutrinas, a sua liturgia, significa,
também, perceber o tecido social angolano”, disse.De acordo com dados do
Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (INAR), Angola tem 81
igrejas reconhecidas e 97 por reconhecer, das quais 16 têm em curso o
processo de reconhecimento pelo Estado, havendo ainda perto de 3.000
confissões religiosas ilegais no país.Durante o encontro, os problemas
de natureza social dominaram as preocupações apresentadas pelas igrejas
participantes, destacando-se as áreas da educação e combate à pobreza.
"Temos
tido o contributo das igrejas em locais recônditos, locais em que às
vezes o Estado não chega e a igreja chega primeiro, julgo ser
inteligente esta aproximação do Estado às igrejas, por forma a resolver
os problemas sociais junto das populações”, salientou Jomo Fortunato,
recomendando união na solução dos grandes problemas sociais que afligem o
povo.
Conflitos devem ser dirimidos com diálogo
Os
conflitos internos nas congregações religiosas devem ser dirimidos com a
adopção de medidas equilibradas e diálogo permanente, defendeu, ontem,
em Luanda, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente.Ao falar durante um
encontro com líderes religiosos, Jomo Fortunato disse que a resolução
dos conflitos internos das igrejas exige diálogo, senso comum e
sabedoria, com base na boa convivência.
Garantiu que o Estado vai
procurar manter o diálogo permanente com as igrejas como o melhor
caminho para os problemas sociais, destacando o importante papel na
socialização da sociedade.A líder da Igreja Teosófica Espírita,
profetiza Suzete João, destacou o apoio do Estado às causas solidárias
da Igreja e o seu contributo na resolução dos problemas sociais do país.
"A
Igreja vai continuar a trabalhar na sensibilização, educação e na
moralização da sociedade, e apoiar as comunidades com material de
biossegurança, cestas básicas e máscaras”, garantiu.O bispo da Igreja
Tocoísta, D. Afonso Nunes, considerou que o encontro serviu,
principalmente, para os líderes religiosos apresentarem as suas
inquietações e encontrarem, com o Governo, soluções para os problemas
sociais.Para D. Afonso Nunes, reuniões do género devem ser permanentes,
para que o Governo possa perceber o tecido social angolano e compreender
as grandes inquietações da Igreja.
Fonte: JA