Justiça
16 Março de 2021 | 14h33

BPC INICIA ÚLTIMA FASE DE CESSAÇÃO DE CONTRATOS COM COLABORADOES

O Banco de Poupança e Crédito (BPC) deu início, na segunda-feira, à última fase de cessação de contratos, abarcando mais de dois mil colaboradores, com vista a salvaguardar e mitigar a extinção da instituição financeira que vive à beira do colapso de receitas.

Aos funcionários dispensados por comum acordo, o banco vai disponibilizar um complemento de apoio ao desemprego (Pacote de Compensações e Benefícios), uma espécie de fundo, para uma compensação adicional financeira de 25% sobre o valor da indemnização, em conformidade com a Lei.

De acordo com o administrador executivo do Banco de Poupança e Crédito, Cláudio Pinheiro, com esta acção pretende-se manter a instituição funcional e salvar a maior parte de postos de trabalho que estavam em risco (3.100), de um total de 5.200 que cairiam no desemprego, se se fechasse o banco.

Acrescentou que as medidas em curso no âmbito do PRR - Plano de Recapitalzação e Reestruturação, entre as quais o encerramento de unidades de negócios (agências e centros de empresas) e despedimentos visaram mitigar o seu efeito social, pelo que foi traçada uma estratégia para acelerar a sua rápida inserção no mercado de trabalho.

"O Conselho de Administração optou por medidas consensuais ao invés de iniciar directamente pelo despedimento dos colaboradores, tendo dado início às medidas de rescisão por mútuo acordo e depois às medidas de reformas antecipadas”, justificou em entrevista à Rádio Nacional de Angola.

Adicionalmente, este grupo vai beneficiar de perdão de créditos feitos no banco até AKZ 25 milhões; de novo empréstimo de até 10 milhões de kwanzas para o auto-emprego; da possibilidade de fazerem reestruturação do crédito que têm sob sua responsabilidade e de formação em gestão de negócios.

"O banco vai continuar a disponibilizar os serviços de saúde por um período de seis meses para os colaboradores dimitidos e seus dependentes, após cessação do contrato”, garantiu, reiterando que as condições financeiras e económicas que o banco atravessa obrigam a redução profunda de custos operacionais.

Relativamente ao plano de saídas induzidas, destacou o encerramento de agências, depois de avaliados o custo operacional e de manutenção; os indicadores de performance comercial; da actividade; e da rentabilidade de cada unidade de estrutura, face às receitas e a sua localização geográfica.

O banco olhou igualmente para os serviços fora do "core business” (actividade central), nomeadamente limpeza, manutenção e segurança, serviços a serem terceirizados com algumas empresas, sempre com vista a optimizar a sua estrutura de capital humano, num processo isento de qualquer subjectividade ou objectividade.

Referiu-se igualmente ao abandono de trabalho e aos colaboradores com critério de selecção para o futuro, como que requerem atenção mais cuidadosa, estando previsto para estes, avaliação em torno da antiguidade, habilitações literárias e histórico disciplinar.

O BPC prevê, desde que iniciou o PRR, que esse processo tenha um custo de cerca de 18 mil milhões de kwanzas (equivalentes a 24 milhões de Euros), dos quais 4.1 mil milhões (cerca de 5,8 milhões de Euros) de indemnizações só este ano, mas salvaguardando um mínimo de 3.000 postos de trabalho directo e 12 mil indirectos.

A Angop sabe que depois desse processo, esse organismo prevê uma poupança anual estimada em cerca de oito mil milhões de kwanzas (10,7 milhões de Euros), com os custos directos e indirectos, com a dispensa dos nossos colaboradores, que são afetacdos por esta medida”, indicou Fábio Santos, coordenador do PRR.

Com o encerramento de centenas de unidades de negócios, o banco terá uma poupança anual, só em arrendamento destas estruturas, no final deste processo, de cerca de 520 milhões de kwanzas (696 mil Euros).

Em várias ocasiões esse gestor afirmou que o banco tem uma estrutura pesada. Não gera receitas suficientes para cobrir os seus custos, muito devido à qualidade dos seus activos, mas também por causa da das elevadas despesas, entre elas, o salário de mais de 5.000 (cinco mil) trabalhadores, desde 2018.


Fonte: ANGOP