Cultura
10 Janeiro de 2021 | 10h59

Primeira bailarina negra luta contra o racismo no ballet

Filha de pai cabo-verdiano e mãe franco-argelina, contou à agência Lusa como a professora de ballet da companhia a obrigou a usar pó branco para clarear a pele, entre outras queixas.

"A discriminação não tem lugar nas artes”, defende. Chloé Lopes Gomes tornou-se o rosto contra o racismo no ballet, após denunciar a discriminação que diz ter sofrido na companhia Staatsballet Berlim e afirma que tem recebido queixas semelhantes de dançarinos em todo o mundo, pelos quais promete lutar.

Com 29 anos, Chloé Lopes Gomes concretizou um sonho ao fazer parte do corpo de ballet do Staatsballet Berlim, em 2018. Sem o saber, tornou-se a primeira bailarina negra daquela companhia.

"Não sabia que tinha sido a primeira mulher de cor a aderir ao Staatsballett de Berlim. No espectáculo "Lago dos Cisnes”, uma jornalista veio falar comigo, agradavelmente surpreendida por ver uma mulher de cor no corpo de ballet”, contou, em entrevista à agência Lusa, por escrito.

Apesar de "orgulhosa” por este pioneirismo, Chloé preferia que fosse assunto pelo seu talento e não pela cor da pele. Mas o facto de ser negra foi insistentemente recordado por uma professora de ballet da companhia que, inclusive, a obrigou a usar pó branco para clarear a pele e lhe recusou um véu branco, porque esta não era a sua cor.

Os colegas assistiam a estes episódios e a bailarina denunciou-os à companhia, mas foi após uma entrevista ao jornal "The Guardian” que as denúncias começaram a ser levadas a sério, principalmente porque Chloé foi dispensada, alegadamente devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
© Fotografia por: DR

Fonte: JA